Como é para o bem de todos e para felicidade geral da Nação, Lula manda dizer ao povo que fica.
O saudoso Antonio Gontijo de Carvalho, meu companheiro de trabalho e amigo, tinha várias paixões, entre elas Carlos Peixoto Filho e Gastão da Cunha, chefes do grupo político da Primeira República conhecido como Jardim da infância. Antonio Gontijo emprestou-me certa vez o livro de Carlos Peixoto Filho discorrendo sobre eleições presidenciais, no qual ele defendia a inscrição de candidatura não-partidária à Presidência. Deixou de lado, portanto, os partidos políticos, que os constitucionalistas consideram instrumentos de governo.
Está praticamente aberta a corrida presidencial, sendo certo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embora com declarações em contrário, venha a se candidatar, forçado pelas circunstâncias e pela pressão do seu eleitorado.
Não se trata agora de discutir se convém ou não aceitar a tese de Carlos Peixoto Filho, que Assis Chateaubriand descreveu em artigo de jornal e falava como quem toca maravilhosamente bem o violino. Fiquemos como está, com os partidos existentes, ainda que o PT insista na candidatura de Lula que, como é para o bem de todos e para felicidade geral da Nação, manda dizer ao povo que fica e que sairá ganhando o terceiro mandato.
A tese de Carlos Peixoto Filho não deixa de ser curiosa, pois abandona os partidos para ficar só com o voto individual. Deu o que falar na Primeira República, mas como todas as teses caiu em esquecimento e ninguém mais cogita dela para lhe dar validade, principalmente porque contra os seus fundamentos iria o peso dos partidos políticos, com os recursos de que eles dispõem. O problema da Presidência é fundamental para o destino da democracia. Vimos como na Argentina, uma grande nação, precisou-se lançar mão da candidatura da senhora Kirchner.
Concluímos estas considerações, que vêm a propósito do entupimento dos canais administrativos pela nomeação anunciada de milhares de funcionários públicos não concursados.
Diário do Comércio (SP) 11/9/2007