Taine descreve em La France Contemporaine a manhã de 14 de julho de 1789 nos aposentos reais. O duque de La Rochefoucalt-Liancourt deu ao rei as notícias apavorantes procedentes da Bastilha. Disse-lhe o rei Luís XVI: "É uma revolta?" Respondeu o duque: "Não, sire, é uma revolução!".
O inconformismo do povo francês com as correntes imigratórias hostis dentro da França se espalha, num contato vertiginoso, pelos países da União Européia, podendo levá-los a uma situação incontrolável. Ainda não estão lá, mas poderão chegar e teremos, então, um novo e sinistro pré-guerra, que poderá degenerar numa terceira Guerra Mundial. Ainda não é o apocalipse, com o seu cortejo de horrores, mas as simulações já aparecem nos quadros que compõem essa paisagem sangüinolenta que envolverá, se não for contida, povos europeus que no século passado sofreram duas terríveis conflagrações, com milhares de mortos e destruição de bens de toda a ordem.
Disse eu em artigo anterior que nos comentários da imprensa, do rádio e da televisão já vinha sendo anunciada a atual crise, que redundou no toque de recolher - em francês couvre-feu -, com a paralisação de uma parte importante da vida econômica francesa, como são os restaurantes e a vida noturna e intensa da capital.
Não se supunha que a situação atual fosse superficial, mas é que ela mergulha suas origens no ressentimento contra correntes imigratórias não assimiladas de todo ou em grande parte.
Os governos dos países da União Européia têm em mãos essa bomba flamejante, que deve ser desarmada com a maior presteza e ser evitado um mal maior, incomensurável mesmo. Esperemos, confiantes, que os governos saibam encontrar solução para a crise, que prococa arrepios só em se pensar no seu desenvolvimento.
Diário do Comércio (São Paulo) 10/11/2005