O Brasil não é um país de tradição antissemita ou antissionista. Fatos isolados, aqui e ali, não podem caracterizar a quebra da nossa indiscutível índole democrática. É com essa perspectiva que se deve observar o caso das tristes ocorrências no Oriente Médio. Apesar da comentada desproporção de forças, Israel propôs seguidamente a manutenção da trégua ou um acordo permanente de paz, mas os integrantes do Hamas se opuseram energicamente. Eles impõem condições inaceitáveis para a segurança do Estado judeu, como a construção de portos e aeroportos, o que aumentaria a vulnerabilidade do país vizinho. Ou, mais claramente, os seus líderes proclamam que só haverá paz no Oriente Médio quando Israel for eliminado do mapa e os seus habitantes jogados no mar.
É claro que todas as pessoas de bom senso querem a existência de dois Estados soberanos. Isso chegou a tomar forma com a decisão da ONU de 1947, mas a resposta árabe foi a declaração de guerra, mesmo fato que se repetiu nas guerras seguintes. Em 1967, Israel soube via satélite que os árabes se preparavam para atacar o seu território. Os seus dirigentes avisaram ao governo dos Estados Unidos. Resposta do então chanceler Henry Kissinger: “Não deem o primeiro tiro. O mundo jamais os perdoará pela iniciativa.” Ouvi do general David Eleazar, comandante do exército, o que custou essa decisão ao povo judeu: 500 jovens soldados morreram na primeira investida.
Quando, em relação a isso, as forças israelenses tomaram armas e territórios dos seus inimigos, era comum ler declarações contra a violência de Israel, a desproporção de forças e outros argumentos, que agora se repetiram de forma cansativa.
Quem analisa com o mínimo de isenção a realidade geopolítica do Oriente Médio sabe que os dois estados, que são viáveis, somente existirão quando houver boa vontade dos dois lados. Quando houver a disposição dos dois povos semitas de se tratarem como irmãos — e assim todos sairão ganhando. Vocês já imaginaram o proveito para os palestinos das conquistas israelenses no campo da ciência e da tecnologia, em que já assinalaram a conquista de dez Prêmios Nobel em relativamente pouco tempo de existência?
O morticínio, em pleno século 21, é sempre profundamente lamentável. Como afirmou muito bem o pensador Paulo Geiger, não se pode demonizar Israel e angelizar os palestinos. O que todos desejamos, num país de tradição pacífica, como é o nosso, é que a guerra tenha fim e dê lugar a uma comunhão pacífica e proveitosa. Ganharão os dois povos e ganhará o mundo.