Estamos em época de festas. Milhares de compradores invadiram as lojas, principalmente nos shopping centers e na rua 25 de Março, para trocar presentes com os amigos e os darem a crianças, que ainda acreditam em Papai Noel e põem o sapato atrás da porta, como também eu fiz na minha infância já longínqua. Não há, que me conste, um só brasileiro que não esteja em estado de otimismo sobre o Brasil e seu futuro, ao menos por alguns meses de 2005. É a época.
Vamos entrar no Ano Novo com um presidente também otimista, mas de um otimismo que não tem raízes profundas, pois em breve ele se desvanece, quando chega a realidade. Por exemplo, um dos que não têm reservas de otimismo para 2005 é o prefeito José Serra. Ele vai encontrar os cofres da Prefeitura reduzidos pela péssima administração Marta Suplicy, e não terá como fazer receita para enfrentar as despesas que sua antecessora lhe legou.
Na União, o médico Palocci, com seu otimismo não raro pueril, nos brinda com um aumento de juros, fato que encarecerá todos os gêneros e utilidades de consumo pela população – essa mesma que, em 75%, está confiante no ano que se iniciará daqui a algumas horas. Estávamos certos de que o controle da inflação, fundamental em qualquer política econômico-financeira que se preze, estava completo, e vemos que não está.
É uma decepção que se acrescenta a outras, embora a indústria esteja se movimentando em sentido positivo. Se nem tudo são rosas, todavia, nem tudo são espinhos.
Resta, portanto, aguardar a chegada do Ano de 2005, com o seu cortejo de problemas, inclusive - como lembrou em artigo para este jornal, o deputado Delfim Netto -, El Niño com suas atribulações. Se ele vem, como está previsto, segundo Delfim Netto, estejamos preparados para desventuras nacionais e para o otimismo do presidente, que parece ter voltado à idade infantil, tamanha a sua rósea esperança de um Ano Novo feliz para todos os brasileiros. É o que tenho a dizer neste dia.
Diário do Comércio (São Paulo) 03/01/2005