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A primeira em tudo

 

Esther de Figueiredo Ferraz foi a única mulher até hoje a ocupar a pasta do Ministério da Educação e Cultura, o que ocorreu no Governo João Figueiredo, em 1982, ficando a seu crédito uma questão emblemática: aprovou a Emenda João Calmon, ampliando os recursos destinados à educação, em todos os níveis de ensino. Ficou no MEC quase três anos. Entrou trazendo esperanças. Saiu sob aplausos dos estudantes, dos seus colegas professores e de políticos das mais diversas facções.



Foi também a primeira a integrar o Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, a primeira Secretária de Estado de Educação de São Paulo, a primeira reitora de Universidade na América Latina (Mackenzie, em 1965) e a primeira mulher a dar aula no curso de Direito da USP (década de 50).



Temos excelente lembrança dos tempos vividos por ela como membro do então famoso Conselho Federal de Educação. Conviveu 12 anos com alguns dos melhores educadores de todos os tempos, autores de pareceres que até hoje são recordados, como reflexo de competência e de sabedoria.



A Dra. Esther costuma recordar com muita simplicidade, como é o seu estilo, que foi alfabetizada aos 5 anos de idade, brincando com as letras e os números. Marcou sua vida pelo pioneirismo bem sucedido e respeito muito grande pelos seres humanos. Professora de ensino médio de Português, Francês, Latim e Matemática, foi licenciada em Filosofia pela Faculdade de São Bento.



Assim chegou à imortalidade, entrando para a Academia Paulista de Letras, onde hoje é uma das figuras mais proeminentes. Além disso, continua trabalhando no seu escritório de advocacia, em São Paulo.



Da
ta de 1961 o título de professora de Direito Judiciário Penal da Faculdade de Direito da Faculdade Mackenzie. Pertence ao Instituto Histórico e Geográfico, onde todos fazem questão da sua companhia, e recebeu, ainda, numa solenidade de que fui testemunha, o Prêmio Professor Emérito - Troféu Guerreiro da Educação, oferecido pelo jornal "O Estado de São Paulo" e o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).


Bênção dos tempos


Adepta do pensamento de que "as coisas boas não aparecem, só as ruins", a Dra. Esther hoje reconhece que há aspectos favoráveis do ensino brasileiro que devem ser destacados. Abona sobretudo a grande ampliação de oportunidades, que considera uma bênção dos novos tempos. Método bom é aquele que apresenta bons resultados, costuma afirmar, apaixonada pelo método silábico na alfabetização, sem desdouro para outras experiências positivas que estão em curso nas nossas escolas.



Outra qualidade a se destacar, na personalidade da Professora Esther de Figueiredo Ferraz, é a grande defesa que sempre fez da necessária qualificação do magistério. Sem isso, diz ela, é muito difícil obter êxito nas tarefas inerentes aos diversos graus de ensino.São ainda de sua autoria reflexões sobre as quais devemos sempre nos debruçar. A primeira é para inferir que "o Direito não é fácil, ao contrário, é dificílimo". E a outra condiz bem com o espírito luminoso da querida professora: "O meu forte é realizar, é fazer bem feito."



Assim tem sido a vida da Profa. Esther de Figueiredo Ferraz. Na vida brasileira pode ser considerada a primeira em tudo, no Direito e na Educação.


 


Jornal do Commercio (Rio de Janeiro) 15/07/2006

Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), 15/07/2006