A situação de Bolsonaro está chegando ao limite, e foi ele que forçou essa situação. Acredito que não contava com a reação forte do STF, que até agora estava levando em banho maria, com conversas, reuniões e notas cuidadosas. Mas quando o presidente da República anuncia que vai sair da Constituição para combater o STF, ultrapassa os limites da democracia. Bolsonaro está avançando num terreno que não controla e assim vai perdendo apoios. O que ele tinha dos empresários já foi embora – fica claro com o manifesto e a entrevista do presidente do Banco Credit Suisse, Jose Olympio Pereira, no Globo. Esse pessoal já está em busca de outra opção. Apoiar Bolsonaro implica uma insegurança jurídica muito grande que afeta a economia. A classe média já o deixou, pela maneira de se comportar, de falar, e da falta completa de postura no cargo. Tudo isso faz com que ele fique isolado num nicho de militantes radicais e no próprio Exército. Imagino que o apoio do ministro da Defesa não seja acompanhado pela maioria de seus comandados, porque é um descalabro o que está acontecendo. O Congresso já derrotou amplamente o voto impresso, e acho que ele não tem muita saída; ou se enquadra, ou não vai durar no governo. Será atingido por medidas previstas na Constituição, das quais o presidente da República não pode se afastar. A reação de setores da sociedade era o que estava faltando. Junto com decisões do Congresso e do STF, Bolsonaro está sendo encurralado.