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Porcos iluminados

 

Uma equipe da Universidade Nacional de Taiwan criou pela primeira vez porcos transgênicos fosforescentes a partir da injeção de material genético de águas-vivas. Wu Shinn-chih, do Departamento de Ciência e Tecnologia daquela universidade, explicou que os porcos iluminados vão permitir o monitoramento nos tecidos dos animais durante o desenvolvimento físico, inclusive no homem.


Os laboratórios já haviam produzido peixes fosforescentes e porcos parcialmente brilhantes. Os totalmente brilhantes - ainda segundo Wu Shinn-chih- são os únicos verdes de dentro para fora, e seus órgãos internos são igualmente coloridos. Wu Shinn-chih é a Natalie Kalmus - aquela que inventou o tecnicolor - dos suínos.


As pesquisas em Taiwan não param por aí. Depois dos porcos verdes e iluminados eles pretendem fazer o mesmo com outros animais, um dia chegarão aos humanos e teremos homens verdes de dentro para fora, homens fosforescentes, que talvez sejam melhores que os de hoje, que são opacos, sem luz própria.


Bem verdade que, nas histórias em quadrinhos e nos filmes de ficção científica, são comuns homens e mulheres esverdeados, mas parece que de fora para dentro - o que não é a mesma coisa.


Só espero que as pesquisas desse tal Wu Shinn-chih demorem um pouco para chegar até aqui. Ao longo da vida, habituei-me aos porcos como foram feitos por Deus ou pela natureza. Não gosto muito deles, mas os aceito da mesma forma que aceito outros animais - inclusive o homem - como estão atualmente.


Certamente haverá vantagem em termos porcos e homens iluminados. Não serão como o Homem-Tocha, personagem de uma história em quadrinhos que não sei se ainda existe. Não botarão fogo em nada, pelo contrário, iluminarão as nossas trevas sem causar danos a terceiros.


Fico imaginando um Lula esverdeado, fosforescente. Muitas emoções ainda nos esperam.




Folha de São Paulo (São Paulo) 17/1/2006