Falaram, falam e continuarão falando horrores das pesquisas. Quem as inventou? Para quê? Em época eleitoral, elas influenciam os indecisos? Em suma: elas são um bem ou mal?
Honestamente, não tenho opinião firmada e formada sobre nenhum assunto. Como aquele português que comprou um relógio de ouro e depois ficou sabendo que não era de ouro, sou uma espécie de relógio de português, às vezes sendo isso ou aquilo, pensando assim ou assado.
Contudo, reconheço que as pesquisas tiveram berço nobre. Parece que Cristo foi o primeiro a fazê-la sobre si mesmo, e São Pedro foi o primeiro a dela se beneficiar.
Narram os evangelhos que Jesus perguntou a seus discípulos: "O que pensam os homens a respeito de mim?" Variaram as respostas. Uns pensavam que ele fosse a reencarnação de Elias ou de Isaías, outros que era um profeta importante, e outros ainda não pensavam nada - sempre houve gente em cima do muro.
Meio chateado, Jesus perguntou novamente: "E vocês? O que pensam de mim?" Foi então que Pedro, o mais afoito e afobado de todos, tornou-se o primeiro papa da história. Adiantou-se e proclamou: "Tu és o Cristo, filho do Deus Vivo!"
Conhecemos a resposta de Jesus: "E tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja". Segundo me ensinaram, o trocadilho foi perfeito, pois na língua que Cristo falava Pedro e pedra é a mesma coisa, tal como o Serra candidato e a serra de serrar qualquer coisa.
Verdade seja dita que as pesquisas saíram de moda durante muito tempo. Reis, tiranos, ditadores, caudilhos e assemelhados nunca se preocuparam em saber o que os outros pensavam deles. Eram assim e pronto. "O Estado sou eu" - disse um deles. Não faz muito tempo, caí na asneira de fazer uma pesquisa sobre determinado assunto. Fiquei sabendo que 37% eram isso, 46% eram aquilo e 17% não eram isso nem aquilo.
Em sinal de protesto, fiquei na minha. E não farei pesquisa alguma para saber se fiquei certo.
Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em 14/10/2002