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Perigo, Lula

 

Quem está em cena deve ter o maior cuidado com sua postura, para não provocar reações contrárias aos seus objetivos, principalmente políticos.


Vivemos na galáxia do Estado Espetáculo , daí a necessidade do cuidado, que o presidente Lula não tem tido nas suas viagens e nas suas aparições no Palácio do Planalto. Suas constantes viagens, as suas brincadeiras onde quer que se encontre, quando no exterior, já chamam atenção da mídia, escrita e audiovisual. É esse o busílis que deve o político levar em conta, sob pena de ser sacrificado no altar da comunicação e informação.


É nisso que deve pensar o presidente Lula. Reconhecemos que seu temperamento irrequieto, seu gosto da apoteose para sua pessoa, subiram-lhe à cabeça quando alcançou o primeiro lugar do País, numa eleição nitidamente democrática, para honra do Brasil. Está nessa situação o ponto fraco do presidente, suscetível de barrar-lhe a carreira para o segundo mandato.


Não votei em Lula, por considerá-lo despreparado para o exercício do cargo, mas reconheço as suas qualidades de cidadão, de democrata e, infelizmente, de amigo que deseja sempre amparar os amigos e companheiros.


Todos que acompanham o desenrolar dos episódios políticos, envolvendo o próprio ou longe dele, não importa, sabem que posições como a do presidente são aparentemente fortes. Na realidade são frágeis, sobretudo na América Latina, onde a tentação das revoluções ainda não foi extinta com pleitos democráticos perfeitamente assimilados.


Essa conjuntura, que se repete num continente que tem formação anti-liberal e que ainda sofre da atração dos golpes, impõe ao presidente estar sempre vigilante sobre a posição que assume nos momentos de crise, como o atual.


Lula tem sido fotografado e filmado chorando. A opinião pública, de norte a sul do país, não aceita esse sinal de fraqueza, é disso que deve cogitar Lula e seus correligionários, antes que sua cabeça seja posta a prêmio e role para o abismo das desilusões o sonho do segundo mandato.




Diário do Comércio (São Paulo) 24/06/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 24/06/2005