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A perda silenciosa

 

Existem órgãos cuja presença podemos facilmente constatar. O coração se contrai ritmicamente, os pulmões inspiram e expiram, a bexiga se enche e se esvazia da urina. Os ossos, não. Os ossos estão ali, quietos. Movem-se, claro, mas não espontaneamente: seu movimento é comandado pelos músculos. Os ossos são humildes servidores.


Na verdade, só nos damos conta de sua existência quando apresentam problemas. Fraturas, por exemplo. Ou osteoporose, que é a perda da massa óssea. Perder, em geral, não é coisa boa, e neste sentido os ossos não são exceção. Afinal, eles são o sustentáculo de nosso corpo, as alavancas graças às quais podemos nos movimentar. Mas esta estrutura precisa de uma argamassa, que é o cálcio. Na falta de cálcio os ossos ficam porosos. É a osteoporose.


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Uma situação muito freqüente. Está presente em cerca de um terço das mulheres com mais de 65 anos (nos homens a proporção é um pouco menor). Existem fatores que favorecem o aparecimento da osteoporose: história familiar, sedentarismo, fumo, álcool, excesso de café, medicamentos como a cortisona. E aí os efeitos aparecem; por exemplo, a propensão a fraturas – aliás, qualquer pessoa com mais de 50 anos que tiver uma fratura deve fazer exames para saber se não é portadora de osteoporose.


Dores, risco de fraturas, deformidades, tudo isto contribui para baixar a qualidade de vida de pessoas que já não são tão jovens. Porque a osteoporose tem também efeitos psicológicos. Uma americana, Pamela Horner, que relata em livro a sua vivência do tema, conta como foi penoso para ela descobrir que estava perdendo altura – a osteoporose das vértebras, que encurva a coluna, tem este resultado.


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Mas a osteoporose pode ser evitada, com medicamentos, com dieta rica em cálcio e com exercício físico, que não precisa, nem deve, ser extenuante: meia hora por dia, durante quatro ou mais dias na semana, é suficiente. Pode ser caminhada, pode ser a dança, que além de tudo alegra a vida. O exercício oriental conhecido como tai-chi-chuan diminui em 25% o risco de fraturas e em 47% o número de quedas que resultam nessas fraturas.


Falando nisto, neste domingo, dia 7, com largada às 9h, será realizada a caminhada e a corrida de prevenção à osteoporose, evento promovido pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), da qual fui orgulhoso professor, pela Santa Casa de Porto Alegre e pelo Clube dos Corredores de Porto Alegre (Corpa). Informações podem ser obtidas no site www.abev.com.br/osteoporose.


O evento é exemplar por outras razões. Em primeiro lugar, mostra uma universidade aproximando-se dos problemas de saúde da população, e motivando-a para a prevenção, o que, do ponto de vista da educação dos futuros profissionais, é importantíssimo. E o mesmo se pode dizer do Clube dos Corredores, que mais uma vez dá um belo exemplo de motivação do público. Não percam o evento, com o que vocês não perderão massa óssea.




Zero Hora (RS) 06/12/2008

Zero Hora (RS), 06/12/2008