Caiu sobre José Serra uma herança de Marta Suplicy, uma dívida com a Eletropaulo que obrigou a concessionária de eletricidade a impor à Municipalidade a pena de corte de energia elétrica.
Ficando no escuro, sem poder trabalhar, um número elevado de funcionários colhidos pela sanção da fornecedora de energia elétrica, que não teve alternativa para receber o que lhe é devido senão o corte, ainda que brutal para os funcionários e os consumidores que estavam na sede da inadimplente e outros. É mais uma de Marta Suplicy, com a qual não contava o prefeito José Serra.
Escrevemos muitas vezes que o mal do regime, de par com o que tem de bom, está em escolher não importa quem para os mais altos cargos, ainda que o candidato nomeado não esteja capacitado para exercer as funções que lhe forem delegadas.
Aí temos um legado de Marta Suplicy a fazer José Serra pagar pelo desbarato das finanças municipais, tendo como conseqüência o calote na Eletropaulo, que, no entanto, é poderosa, como imediatamente provou, com o corte do fornecimento de energia elétrica para os serviços municipais.
É provável que a ex-prefeita tenha dado risadas, tenha esfregado as mãos, tenha, enfim, feito gestos contra José Serra, por ter o prefeito atual pago pelo que não fez. O prefeito José Serra tem meios de se defender em casos como esse. Evidentemente. Mas quem deveria punir a ex-prefeita deveria ser o Tribunal de Contas do Município. Poderes o órgão tem, mas como é constituído por apaniguados da prefeita e de outros mandatários que passaram pela Prefeitura, não fazem nada.
É por essas e outras que já escrevemos contra os tribunais de contas, que são apenas órgãos auxiliares das representações, quando deveria ter autonomia e ser, efetivamente, um tribunal com poderes para punir sempre que for o caso. Esse de São Paulo, seria um deles, para que os políticos não dêem razão à ONU, que cita o protecionismo político como uma das falhas do regime em vigor no Brasil.
Enfim, o prefeito José Serra tem mais um abacaxi, que lhe deixou a ex-prefeita Marta Suplicy, que ocupou a Prefeitura sem estar preparada para enfrentar os deveres que o cargo exige.
Diário do Comércio (São Paulo) 01/04/2005