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A palavra de Rui

 

No prefácio da Queda do Império, escrito em 1921, disse Rui Barbosa, com o peso de sua experiência e sua formidável erudição: "O mal grandíssimo e irremediável das instituições republicanas consiste em deixar exposto à ilimitada concorrência das ambições menos dignas, o primeiro lugar do Estado e, desta sorte, o condenar a ser ocupado em regra, pela mediocridade". Palavras sábias, contra as quais não há o que opor, pois são a expressão da realidade, sobretudo neste país.


Deixemos de lado o Brasil com Lula, Serra, Ciro e outros que vão aparecer e nos voltemos para a Argentina. Da lista de presidentes, depois da deposição de Irigoyen, os argentinos só tiveram mediocridades e, o que é pior, dominadas pela demagogia, com que enganaram o povo de maneira ignóbil. Que maior inimigo teve a Argentina do que Perón, com sua mulher a ajudá-lo na tarefa? Nenhum outro, e teve vários, mas todos medíocres, sem exceção, inclusive o atual Duhalde.


No Brasil, tivemos Jânio Quadros, que tinha talento, alguma informação sobre asuntos nacionais e internacionais, inteligência aberta para aprender, e uma fantástica vocação para demagogo, que soube aproveitar muito bem. Mas durou pouco e, em seu lugar, veio o Jango, um exemplar a servir de modelo para as palavras candentes de Rui Barbosa. Depois tivemos os militares, que governaram com o espírito de caserna. Finalmente, os pós-militares, com seus problemas e suas hesitações.


Rui Barbosa estava com a razão. Pagou caro aderir à República no dia seguinte, como ele mesmo declarou, com uma frase de efeito, como era de seu feitio. O primeiro lugar do Estado ficou exposto, em nosso país, aos menos preparados para o alto exercício do cargo de chefe de Estado de uma nação com os nosso problemas, alguns dos quais o professor Fernando Henrique Cardoso que nem sequer tomou conhecimento, por exemplo, do desenvolvimento do Nordeste. Vamos ver agora, daqui alguns meses.


 


Diário do Comércio (São Paulo - SP) em 16/05/2002

Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, 16/05/2002