Simbolismo é coisa que ao ovo não falta. Por causa de sua forma, lembra-nos o próprio planeta que habitamos. O ovo contém a semente da vida, e é por isso um símbolo de fertilidade, da potência até (o ovo de codorna é particularmente famoso neste sentido), do ciclo vital. Não por outra razão se tornou um emblema da Páscoa, a festa da ressurreição de Cristo. Finalmente vamos lembrar que, quando Colombo colocou um ovo de pé sobre a mesa, quebrando um pouco da casca, criou uma metáfora para lembrar que dá para fazer coisas inesperadas mediante a inteligência.
Simbolismos e metáforas à parte, o ovo é fonte de vários nutrientes, a proteína da clara, de várias vitaminas e minerais. Certo, junto vêm as calorias (cerca de 60, na gema) e o colesterol, a respeito do qual há uma antiga controvérsia: de um lado, aqueles que advertiam contra o risco da gema; de outro estavam os mais tolerantes, sustentando que um consumo moderado (um ovo por dia) não aumenta o risco de doença cardiovascular. Mas pode, diz um estudo de 2008, acompanhar-se de uma maior frequência de diabetes tipo 2, aquele que não depende de insulina. Crianças às vezes têm reações alérgicas ao ovo; e, por causa do uso cada vez maior de antibióticos em aves, fala-se numa crescente resistência bacteriana a, por exemplo, cefalosporina.
Recentemente, um episódio muito divulgado na mídia lembrou um outro problema. A vigilância sanitária dos Estados Unidos determinou o recall de centenas de milhões de ovos produzidos em fazendas do Estado de Iowa. Motivo: um surto de salmonela.
Esta é uma bactéria que causa infecções intestinais, com febre, diarreia, vômitos, dor abdominal. Ora, o ovo pode ser um veículo para a salmonela. Não é muito frequente; acontece com um ovo em cada 20 mil, mas acontece, e é bom estar ciente disso. A contaminação não raro ocorre já na cloaca da galinha, porque a casca, porosa, não impede a entrada dos germes. E se a casca está rachada (o exemplo de Colombo não deve ser seguido), mais fácil ainda é a contaminação. O que podemos fazer para evitar ou diminuir esse risco? O Centro de Controle de Doenças, dos Estados Unidos, aconselha:
– Mantenha os ovos sob refrigeração constante (menos de 7°C).
– Não use ovos com casca rachada ou muito sujos.
– Lave as mãos e os utensílios de cozinha depois do contato com ovos crus, para evitar uma possível contaminação de outros alimentos.
– Cozinhe os ovos até que clara e gema endureçam. Coma-os tão logo estejam prontos.
– Em nenhuma hipótese coma ovos crus ou pouco cozidos.
Providências simples. Um verdadeiro ovo de Colombo. Sem a casca rachada, claro.
A Notícia (SC), 27/9/2010