A prova de que o presidente Lula não faz medo a seus colaboradores e lobistas, como faria, sem dúvida para quem o conheceu, Jânio Quadros, está na ação ostensiva com que agem, nas compras para a Saúde, preços do superfaturamento das aquisições, que são vultosas, as empresas fantasma para despistar a polícia, e outros ardis em que são férteis as imaginações dos corruptos que aproveitam a falta de autoridade do presidente e de seus companheiros mais próximos, para ganharem sem parar.
Não é de hoje que se rouba nas alturas do governo federal. Vem de longe, vem de Collor, mas esse, mesmo, não chegou a tanto e foi, por seus atos, escorraçado do poder. Agora, a ladroeira está escancarada. Ainda há dias um dos jornais publicou uma lança de alto preço, propriedade de um dos membros da quadrilha que rouba o Estado, divide o botim e cada qual se aproveita como quer ou pode. É onde chegamos, é onde está o governo Lula, no qual tantas esperanças foram depositadas inutilmente.
É preciso que o presidente se ocupe e mais dos problemas internos do que das viagens, pois para essas tem ele os ministros das pastas respectivas, e não precisa deslocar-se para a China, quando os chineses conhecem o Brasil melhor do que o governo Lula, não tenham dúvida. O presidente não mostrou autoridade até agora, não puniu ainda um só dos seus colaboradores, que merecem antes a cadeia do que uma cadeira nas salas climatizadas do planalto brasiliense.
O Brasil está precisando de uma varredura em ordem, expedindo os ladravazes para as prisões do Estado, confiscando-lhes os bens roubados no exercício de um cargo com o poder federal, que tudo, então voltará á normalidade. O presidente tem de se armar de coragem, em lugar de contemporizar com agentes sediciosos, como Stedile, como os Waldogates, que são numerosos, enfim, com a corja que emporcalha o governo, no qual milhões de eleitores depositaram confiança. Essa confiança deve ser correspondida. Ou não?
Diário do Comércio (São Paulo - SP) 02/06/2004