O ministro Nelson Jobim reclamou do aperto dos assentos nos aviões brasileiros. Acontece que o ministro é um homem alto, tipo atlético, que residindo no Rio Grande do Sul toma freqüentemente aviões para o conduzi-lo a seu local de trabalho, em geral, em Brasília. De fato, quem freqüenta os aviões brasileiros está farto de saber que as companhias aéreas procuram aumentar o número de assentos nos aviões para faturarem mais com as viagens de ida e volta. O ministro enfrenta, neste caso, a resistência das companhias aéreas, que não querem perder o faturamento das vendas de bilhetes aos passageiros.
Evidentemente, o ministro tem poder para desmanchar essa aliança entre as companhias aéreas e os passageiros, que até hoje não reclamaram, ao que se saiba, do aperto dos assentos nos aviões. Tudo são problemas de uma aviação que deveria estar amadurecida pelo uso constante de viajantes e turistas. O ministro, que é um homem decidido, sabe que está à testa de uma empresa - a Infraero - que desafia paciência e conhecimento, pois não há um único ponto morto na crise aeroviária brasileira.
De resto, o ministro já enfrentou outros grandes desafios desde o primeiro dia em que assumiu o Ministério da Defesa e o apagão aeroviário, que continua a aborrecer os passageiros que enfrentam horas de atrasos nos aeroportos superlotados e ainda deficientes naquilo que seriam obrigações das companhias. Congonhas já havia feito uma reforma completa, afim de proporcionar um conforto maior aos passageiros, e tudo foi perdido - pelo menos em parte - com o horrendo desastre aéreo de 17/07.
Como se vê, com essas amostras que oferecemos aos nossos leitores, não será fácil ao ministro encontrar forças para lutar com certeza de vitória, mesmo tendo a garantia do poder nas mãos.
Fica aqui mais uma observação sobre a aviação brasileira, a ser redefinida pelo ministro Nelson Jobim.
Diário do Comércio (SP) 16/8/2007