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Opinião: Enfim, o fisiologismo explícito

 

A vitória de Arlindo Chinaglia marcou de vez o primeiro lance, a longo prazo, do nosso situacionismo no mandato que se abre. Aí está a fusão objetiva do PT e do PMDB na rotação da presidência do Parlamento, com vantagem para o partido do doutor Ulysses, a comandar a Casa para o acerto das candidaturas em 2010. A nova frente, com todos os seus arrebites, contrastou, afinal, com a opção imobilista dentro do governo, da candidatura Aldo, a que se atrelou, atarantado, o PFL. Deu um presente inesperado à Lula: o despedaçamento antecipado da oposição, diante do rolo compressor do Planalto no Congresso.


À prova do incesto ideológico da aliança com o PCdoB, o PFL mostrou a indiscutível fidelidade dos seus quadros, à cata do que fazer no isolamento anti-adesista. Fica cada vez mais remota a chance de se constituir um novo partido conservador, por uma vez sem medo do nome, e que seja a contrapartida, dentro do status quo, ao que o Lulismo responde na opção pela mudança, a fazer horror aos purismos do partido original.


O tucanato, parceiro e noivo prometido do pefelê, na última pele eleitoral do doutor Alckmin, foi à defesa do moralismo intransigente, à margem de qualquer toque pela realpolitik, que une os corações e mentes de todos os aliados de Arlindo Chinaglia. Dando todo o nome aos bois, a candidatura Fruet ganhará, historicamente, a marca do repúdio à casa dos sanguessugas e dos mensalões, como último salva-vidas da imagem do Poder Legislativo. Mas estarrece o quanto a "bancada do bem", não chega a 20% da totalidade da Câmara, tal como o voto secreto pode, desde o primeiro turno, ter mascarado o número de trânsfugas tucanos para a fé de ofício situacionista.


Em quase desfastio, Lula, após o placar eletrônico, fala da compensação "entre os meninos" na briga de faz-de-conta, e garantir os pirulitos de recompensa para o bom perdedor, Aldo Rebelo, trazendo a cesta de prendas os velhos extremismos radicais que passaram pelo beijo da poluição pefelista. Mas o partido dos últimos caciques do arenismo mostrou os votos que comanda, para uma primeira confrontação, ou mesmo para o cripto-adesismo, que assinala a sua absoluta disponibilidade programática, no apoio ao préstito sempre na avenida de nosso comunismo tropical.


Na verdade Lula, para avançar o PAC, precisa muito pouco do Congresso. Mas os alegres companheiros de Arlindo Chinaglia não deixam dúvidas sobre o fisiologismo às escancaras, a gula incontida da minibenesse e da propina à Severino. O Legislativo passa definitivamente a vendedor de poder, no jogo dos mercados políticos, e no que venha a ditar o seu preço, barato-barato, o Planalto de todos os caminhos. E, sobretudo, que sabe resistir ao Lulismo, a nascer da desvertebração partidária e da tentação do carisma, pela vitória direta do candidato em 2006, apesar do PT, e aos prognósticos do país instalado.


Jornal do Brasil (RJ) 7/2/2007