Depois de uma existência fecunda de mais de 20 anos (estive na cerimônia do seu lançamento), pode-se afirmar o sucesso do Canal Futura pelo fato de ser conhecido de 46% da nossa população, cumprindo o papel de uma verdadeira Escola sem Paredes. Sua programação é tão rica que ela foi licenciada para a veiculação em emissoras da Europa, África, Estados Unidos, Ásia e América do Sul, com ações de mobilização comunitária. Tem uma preocupação dominante com a formação social dos jovens, trabalhando nas áreas do empreendedorismo, lideranças e produção audiovisual, dando apoio a projetos em escolas e espaços comunitários, além de produção de peças que podem ser veiculadas no próprio Canal.
O Canal Futura, da Fundação Roberto Marinho, é um projeto de comunicação único no mundo. Criado em 10 de setembro de 1997, caracterizou-se por quatro grandes objetivos nos seus saberes e fazeres: formação educacional da população, espírito comunitário, pluralismo e ética. A programação, levada ao ar no canal 87, disponível para 60 milhões de brasileiros, cobre todo o território nacional e ainda tem o reforço de uma rede de televisões universitárias, que enseja programas locais.
Segundo o seu gerente geral, João Alegria, o Canal Futura dedica o período matutino ao público infantil; por volta das 12h coloca no ar programas informativos e de serviços; no início do período vespertino volta ao público infantil, depois cedendo espaço a programas educativos, informativos e culturais, que se alternam por todo o período noturno. Dessa forma se explica o seu sucesso, devendo ser assinalado que, pelo debate em torno da democracia, demonstra de que forma pode a TV pública brasileira trabalhar pela formação crítica do indivíduo.
Alegria chama nossa atenção para a inteligente expansão da rica diversidade cultural do Brasil, atendendo a crianças, jovens e trabalhadores, inclusive com os recursos de uma oportuna dramaturgia. Assim se cumpre também o objetivo de servir à cidadania, com a ajuda também de produtores independentes, fiéis aos parâmetros enunciados no manifesto do I Fórum Nacional de TVs Públicas.
Existe uma preocupação central com os cuidados relativos à língua portuguesa. Foi o objetivo do “Afinando a Língua”, apresentado pelo músico e escritor Tony Belloto, que faz um paralelo bem construído sobre literatura e música, além de esclarecer dúvidas de gramática da língua portuguesa de forma didática. Assim foram divulgadas obras de autores com a importância de José de Alencar (o pai do romance brasileiro), Lima Barreto e Mário de Andrade, ilustradas com imagens de versões cinematográficas dos autores citados, a que se pode acrescentar entrevistas com cantores como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque. É uma forma inteligente de valorizar o nosso idioma.