Cerca de 500 pessoas acompanharam, pelo site da Casa do Saber-Rio, a conferência altamente esclarecedora da psicanalista e escritora Sandra N. Flanzer, a propósito da nossa atualidade, com todas as dificuldades oriundas da pandemia. O tema foi o relacionamento humano em tempos de redes sociais. Provocada por Breno Paquelet, Sandra mostrou na sua live que é no vazio que nasce a criatividade. A crise aumenta o interesse pelas mídias sociais, tornando praticamente insuportável o fenômeno da solidão.
Saímos de um tempo contemplativo, para a oferta frenética de lives. Assim, o dia passa mais rápido, o que não significa que estejamos mais felizes. Recrudesce o narcisismo, o sujeito se sente mais inteiro. A comunicação moderna depende de como vamos utilizar tudo isso.
Diz Sandra que é preciso criar oportunidades para o desejo. As pessoas vivem momentos de angústia. A nossa hiper-atividade deve ser ponderada, pois as pessoas estão mais ansiosas. É difícil ser feliz sozinho: “Ninguém se basta.”
Deve-se ponderar que solidão e estar sozinho são conceitos distintos. A solidão em psicanálise se aproxima do desamparo, e assim se vive a angústica do desconhecido e isso traz problemas.
Nessa guerra democrática em que vivemos há um convite à interiorização. Democrática porque atinge a todos, indiscriminadamente. Há uma solidão imposta e a gente vive um cotidiano de excessos. Daí ser importante impor limites ao excesso de informações com que somos cumulados.
Sandra aconselha prepararmo-nos para a volta à normalidade: “Largue o excesso de telas e vá ao encontro do outro. Nada de ampliação do virtual, na busca de uma nova perspectiva. Tudo em excesso não é salutar,. Insisto em proclamar que a criação é oriunda do vazio. O desejo é tributário da falta.”
Devemos estar preparados para enfrentar novos tempos, depois de sofrermos as consequências terríveis da pandemia.