Às vésperas de comemorar os seus 450 anos de vida, o Rio de Janeiro tem na imprensa uma das maiores razões de orgulho: a posição de líder, considerando o conjunto das atividades de mídia impressa, o rádio e a televisão. É assim muito oportuna a iniciativa da Academia Carioca de Letras, promovendo o seminário que conta com o brilho da participação do jornalista Cícero Sandroni, o mais acariocado dos paulistas existentes.
Sabe-se que o primeiro jornal do país foi o “Correio Braziliense”, produzido por motivos políticos em Londres, por Hipólito José da Costa. Quando veio para o Brasil, em 1808, o príncipe regente D.João VI permitiu o nascimento do nosso primeiro jornal, a “Gazeta do Rio de Janeiro”. De lá para cá foram muitos anos de liderança, aquecida pela existência da capital entre nós.
Muitos jornais nasceram, outros morreram, mas há um símbolo de resistência ao tempo: o “Jornal do Comércio”, que segue sendo, ao lado de “A União”, de João Pessoa, dos mais antigos ainda em circulação.
Dos destaques a serem citados, merecem referência o “Correio da Manhã”, “Última Hora”, o “Jornal do Brasil” e o “Diário de Notícias”, que brilharam em suas respectivas épocas, e deixaram de operar por motivos variados. Hoje, o Rio mantém a liderança nacional por intermédio de “O Globo” (média ponderada), que disputa galhardamente o primeiro lugar com a “Folha de São Paulo”. São mais de 350 mil exemplares diários, feito notável em razão do avanço dos achados on-line, que tendem a crescer com o inexorável progresso da inclusão digital.
Merecem referência no Rio também os jornais ditos populares, como o “Extra” e o tradicional “O Dia”, com tiragens impressionantes. Já colocaram nas bancas cerca de 500 mil exemplares aos domingos, o que é uma indiscutível demonstração de competência.
Mas onde a liderança foi notória, desde a década de 30, foi com a existência da Rádio Nacional (antiga PRE-8). Famosa pelo Repórter Esso com Heron Domingues, tinha um serviço de radionovelas primoroso, além de programas humorísticos que não saem de memória da geração mais antiga, como PRK-30 (Lauro Borges e Castro Barbosa), ao lado do “Edifício Balança mais não cai”, que consagrou o talento de Max Nunes. Alcançando todo o território brasileiro, com os seus 50 kilowatts de potência, a Rádio Nacional foi um fator inequívoco de integração do nosso país diversificado. Hoje, o 1º lugar é da Rádio Tupi.
Quanto a revistas, muito antes de nascer a “Veja”, tivemos a liderança de “ O Cruzeiro”, que chegou à impressionante tiragem de 800 mil exemplares semanais e depois, a partir da década de 60, o predomínio da bem editada revista “Manchete”, que nos seus melhores tempos chegou a ter 350 mil exemplares de tiragem. Foram tragadas por motivos diversos e cederam a vez a revistas de São Paulo como a citada “Veja” e “Isto É”. Em matéria de revistas infantis, recordemos “O Tico-Tico” (1905-1956), editado no Rio de Janeiro.
Se o assunto for televisão, não se discute o pioneirismo da Rede Tupi, dos “Diários Associados”, na década de 50, mas a Rede Globo (a quarta network do mundo) exerce uma folgada liderança, especialmente com as suas muito bem elaboradas telenovelas.