Pelo menos três leitores não compreenderam bem a minha crônica anterior, em que transmiti uma informação certamente não privilegiada sobre a possibilidade de uma renúncia de nossa presidente, motivada por problemas de saúde. Deus é testemunha do quanto torço para que ela supere esses trancos humanos e dê a ela a energia e a sabedoria que nunca lhe faltaram.
Contudo a situação neste início de governo não é muito tranquila. Tivemos tragédias naturais e temos a ameaça de uma inflação que um entendido por aí já estimou em dois dígitos até o final do ano.
Além disso, a presidente parece que não teve sorte quando formou a sua equipe de trabalho mais próxima. No passado recente, quando chefiava a Casa Civil, teve um problema com o seu braço direito, que aliás não era braço, mas 'braça', pois se tratava de uma mulher.
Em contexto semelhante, apenas em dimensão maior, tem problemas agora com o seu braço direito, que está atravessando uma fase bastante esquerda e insuficientemente esclarecida. Aceita-se, por ora, a explicação oficial de Antônio Palocci, que garante nada ter feito de ilegal e contra a ética.
Por coincidência, ou simetria de fatos, o atual chefe da Casa Civil, tal como Dilma, teve um problema que o retirou do ministério que ocupara no governo Lula.
A secretária Erenice e o caseiro Francenildo, cada qual a seu modo, foram manchetes recentes e ainda não absorvidas.
Tem mais: alguns setores da atual administração enfrentam turbulências que tornam tensas as condições de voo de alguns ministros. Não foi à toa que Dilma chamou às pressas o escolado Franklin Martins.
0 perigo que ronda a presidente não vem da oposição em berrante minoria no Congresso. Vem do chamado 'PT profundo', que Lula soube tão bem administrar.
Diário da Manhã (Go), 24/5/2011