Fazia uns três anos que não viajava a Manaus. Fui lá recentemente para conferir impressões. Foi muito bom. A cidade está com um vigor de chamar a atenção. Claro que as questões do ordenamento urbano seguem o rumo tradicional do atabalhoamento. A cidade, cortada pelos igarapés e acossada pela mata, esbraveja e se contorce. Mas cresce, cresce muito.
Há um clima de trabalho, de busca da modernidade. Os novos hotéis, shoppings, canchas esportivas, a construção de outro porto, as estruturas das vias públicas, um centro cultural ativo adequadamente chamado de "A Usina", a aliança crescente com as sociedades caribenha e norte-americana, tudo tem estimulado o desenho de crescimento econômico do estado, a alcançar índice de dois alentados dígitos.
Sente-se o esforço, no plano cultural, em perceber que o sopro da alma indígena não precisa ser o oposto à simetria da criação industrial.
A Academia Amazonense de Letras vive um vigoroso processo de modernização, o que me deixou ainda mais honrado no momento em que me puseram num nicho de sócios eméritos liderado por Rui Barbosa. Sugeri aos confrades que valorizassem neste ano do IV centenário do Padre Vieira a sua gesta amazônica, que é relevante. Que gesta, que padre.
A Secretaria de Educação do estado cuida de um programa de ensino a distância, apoiado pela FGV, fundamental para o espaço geográfico que lhe cabe atender e moderniza com a internet os meios de aprendizagem.
A estrutura econômica da Zona Franca, a ser revista desde os seus modelos, a partir mesmo do instante criador do gênio de Mário Henrique Simonsen, ainda não deu a resposta adequada no que toca às exigências do desenvolvimento social. Este é o pé de pavão do processo de intervenção regional.
Tive boa conversa no espaço administrativo local e me impressionou o nível de sofisticação tecnológica e de ambição política com que se gerencia a verdadeira ânsia por obter uma das sedes do Campeonato Mundial de Futebol. Talvez em nenhuma das outrascidades candidatas para sediar chaves haja tantos passos já dados. Veremos...
Mas o leitor deixe que extravase o sentimento de orgulho pernambucano, aquilo em que em tudo nos distanciamos do icy enthusiasm, por conhecer a continuidade da reverência ao nome do meu filho Marcantonio.
Anos atrás, deram-lhe o nome a uma escola modelo do ensino básico, mas a homenagem vai continuar. Se o governador Amazonino Mendes à época teve o gesto, o atual, Eduardo Braga não fez por menos e já pôs o nome de Escola Marcantonio Vilaça II à unidade que irá construir quase ao lado daquele que chamaremos de Escola Marcantonio Vilaça I, com os mesmos propósitos de realizar educação modernizante no seu modo de ser eficaz e eficiente.
O que comove exponencialmente é o fato do dinamismo com que a escola vem sendo gerida, num sistema de ampla interação docentes e discentes. Um exemplo notável.
Os pais de Marcantonio observam, confortados na saudade, como aquele pernambucano é ali considerado. Um pernambucano que os amazonenses foram buscar como exemplo. O fato, se não conforta de todo, por conta do insuperável da sua ausência, conforta de muito, como talvez dissesse Eça de Queiroz.
Ao fim e ao cabo, creio, quem tem razão é o Evangelho ao falar dos profetas e das suas terras. Aliás, neste mesmo Diário de Pernambuco ele foi pela primeira vez chamado, em editorial, de o profeta das cores.
Diário de Pernambuco (PE) 1º/4/2008