O Brasil oferece ao estudioso e aos observadores, sobretudo os da mídia, peculiaridades que não preocupam governo, representação política, instituições políticas e administrativas, como ocorre aqui, nesta terra de tantas oportunidades, em grande parte perdidas. Uma dessas peculiaridades é fazer difícil o que é fácil. Ou complicar excessivamente os problemas que devem ser resolvidos num período de tempo limitado. É o caso das indenizações.
O Congresso votou lei para que o governo pague indenizações aos inimigos da revolução de 64, melhor dito, ao regime dos generais, de 1964 a 1981, quando a redemocratização, mais uma vez, como algumas outras, foi aberta, como queriam todos os brasileiros. Essas indenizações estão na ordem do dia, com protestos e satisfações pessoais, com falsidades e verdades, tudo misturado num autêntico balaio de caranguejos, que estão vindo a lume nas páginas dos jornais.
Não entro no mérito das indenizações, por ser totalmente dispensável e nem eu tenho argumentos para debatê-las, senão os que uso nos meus comentários. Mas, admite-se que numerosos beneficiários das indenizações tenham direito a reivindicá-las. Se assim é, que se faça, como foi votado, sem, no entanto, se desejar remunerações mensais ou pagamentos em bloco, que tornem financeiramente independentes os ganhadores das famosas indenizações.
Evidentemente, com algumas exceções, dignas de louvor, os indenizados entendem que deveriam ganhar mais, por terem perdido emprego, terem passado necessidades e outras referências em que permaneceram durante os anos que dizem ser de chumbo enquanto querem que sejam de ouro. As indenizações serão pagas para quem as reivindicou, embora devessem todos passar por uma averiguação rigorosa, a fim de não se praticarem injustiças ou pagarem excessos injustificados. É o que entendo dever comentar sobre o assunto. E ponto final.
Diário do Comércio (São Paulo) 16/12/2004