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O presidencialismo em crise

 

A Revolução Francesa derrubou o sistema das ordens. Eram três: clero, nobreza e povo. Eram ordens abertas, marcadas pelas ascensões de uma para outra. Mas poucos dias antes da Grande Revolução, o Terceiro Estado, com o apoio do baixo clero e de parte da nobreza, proclamou a independência da ordem popular, e entramos em nova fase histórica, a das representações por Assembléias.


Era o triunfo não do povo como é hoje entendido, mas de uma ordem que não havia alcançado a posição superior a que aspirava e que viria com o tempo. Foi aí que se deu a grande transformação.


O Terceiro Estado, convertido em Assembléia popular, acabou dominando, já no século XIX, o sistema político, vindo a predominar nos Estados Unidos e dali para praticamente uma das maiores parcelas do mundo político, o presidencialismo, pois o clero e a nobreza foram dispersadas, como conseqüência da superioridade numérica da Grande Revolução.


Desde a expansão do Terceiro Estado, os Estados Unidos, conquistando a independência na guerra comandada por George Washington, passaram a ser líderes do mundo, com sua vocação missionária e a vocação para submeter todo o povo à confissão protestante.


O presidencialismo prevaleceu nas guerras da independência da América Latina e em outras nações do mundo. Foi a sua vitória, e daí por diante só se teria, de preferência, o presidente, que segundo Harold Laski é mais e menos do que um ditador.


De nossa parte discordamos do ilustre autor, pois o que predominou foi o presidencialismo mais ditador do que democrata. É o que temos hoje e se examinarmos, como estamos fazendo, o presidencialismo no mundo, onde quer que tenha sido instituído, entrou em crise, com raras exceções.


Pode-se afirmar que esse regime não correspondeu ao que dele desejavam os chefes das lutas pela independência, no século XIX e hoje o que vemos no mundo são as crises de regime, abalando a paz política e social, e, sobretudo, o ideal dos povos para o bem estar e a paz civil. É essa a situação do mundo nesse início de século e de milênio.


 


 


Diário do Comércio (São Paulo) 28/04/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 28/04/2005