Ouvi na Romênia um adágio que dizia “a casa que morei em criança hoje me habita”. E de pronto lembrei-me do poema de Jorge Cooper, que dizia melhor “a casa em que morei quando menino hoje em dia mora em mim”. E me pareceu de tal modo acertado que o reportei num velho livro de lembranças.
Somos habitados pela casa que habitamos.
E a poesia romena é uma de minhas casas. Assim, se tivesse de levar um amigo a conhecer a obra de Eminescu, começaria com um poema líquido, de fundo camoniano-provençal e que fosse, ao mesmo tempo, uma viva introdução à língua romena. Havia de escolher “Réplicas”, que é um diálogo mozartiano entre o poeta e sua amada, harpa e violino, sob uma chuva de vogais bem timbradas. Não daria tradução alguma, para que a harmonia da língua de Eminescu chegasse límpida e clara.
Poetul
Tu eşti o undă, eu sunt o zare,
eu sunt un ţărmur, tu eşti o mare,
tu eşti o noapte, eu sunt o stea
iubita mea.
Iubita
Tu eşti o ziuă, eu sunt un soare,
eu sunt un flutur, tu eşti o floare,
eu sunt un templu, tu eşti un zeu
iubitul meu.
Tu eşti un rege, eu sunt regină,
eu sunt un caos, tu o lumină,
eu sunt o arpă muiată-n vânt
tu eşti un cânt.
Poetul
Tu eşti o frunte, eu sunt o stemă,
eu sunt un geniu, tu o problemă,
privesc în ochii-ţi să te ghicesc
şi te iubesc! (1)
Uma percepção fractal. Um pequeno e belo fragmento, no desenho da melopeia, para dar vez ao diálogo entre duas línguas irmãs, entre dois sistemas poéticos integrados no horizonte da latinidade. Palavras novas e antigas. Muitas das quais perceptíveis e de estranha familiaridade. As rimas transparentes. E a poeira de Cantor.
Mas a obra de Eminescu não se resume a um conjunto de vasos de porcelana, é antes uma complexa constelação, de que desponta o laboratório do poema “Luceafǎrul” (Vésper), na soma dos raios e distâncias azuladas (în depărtări albastre), no brilho intermitente das estrelas e nas profundas dimensões do espaço-tempo. Como no famoso “La Steaua” ao longo dos interminati spazi, inaugurados por Leopardi, vividos por Eminescu e conjugados, mais tarde, na poesia escura de Vladimír Holan, sob o impacto de uma jornada sideral.
O poema „La Steaua” reaparece transfigurado nos lábios de Catalina, do ,,Luceafărul”, prova da migração interna na obra de Eminescu, de um permanente deslocamento de volumes poéticos. E como crescem os versos desplaçados no diálogo da mulher que se apaixona pela Estrela da Manhã, em províncias de profunda metafísica até então impensadas.
Diante de uma obra de grande proporção, nunca é demais exorcizar a tautologia do discurso monumental, os epítetos que se repetem sobre Eminescu, último grande poeta, aparição meteórica, gênio sem paralelo, e outras formas vazias de significado, como advertiu George Popescu, num ensaio de alta voltagem metodológica, onde propõe o pensiero debole de Vattimo para deflacionar a rapacidade de interpretações na espuma excessiva e rasa dos adjetivos. (2)
Antes mesmo de aduzir um aspecto central da eminescologia, parece oportuna a citação de Mircea Eliade, no viés de uma geolírica, ao mesmo tempo expansiva e aglutinante, ao traçar o paralelo entre dois grandes poetas:
Mihai Eminescu contribuiu de forma extraordinária para o alargamento do horizonte espiritual europeu como ‘conquistador de novos mundos’. Tal como Camões, Eminescu explorou uma vasta e selvagem ‘terra incógnita’ e transformou em valores espirituais experiências anteriormente consideradas como desprovidas de significado. Camões enriqueceu o mundo latino com paisagens marítimas, com flores estranhas, com belezas exóticas. Eminescu enriqueceu o mesmo mundo com uma novidade geográfica, a Dácia e com novos mitos [...] A sua obra prima Luceafărul pode ser considerado como um dos mais belos poemas da literatura universal e a sua metafísica, a dimensão cósmica do drama de Hyperion, a beleza estranha, dir-se-ia litúrgica, dos seus versos, são acréscimos ao universo mental da latinidade. (3)
Eliade não se perde na selva da tese de uma latinidade úmida e escura, que sonha a restauração de uma perdida Roma. Ele evidencia a paixão absorvente da alteridade, capaz de criar um mundo novo. Tal como o espaço miorítico, de Lucian Blaga, que não para de crescer até hoje na ficção romena. A ilha dos amores de Camões e a cultura geto-dácica de Eminescu criaram uma vida fluida, razão por que Vasco da Gama e Vésper vagam peregrinos pelo mundo. Como fantasmas vivos, longe das páginas que lhe deram vida.
Fechada a janela da latinidade, recorro a uma questão precisa na crítica em torno de Eminescu, para sair do fragmento das “Réplicas” ou de “À estrela” e alcançar um sistema de complexidade maior, nos desertos e penhascos da interpretação, dentre cujos desafios assoma um sem-número de aporias das obras inacabadas ou não publicadas.
Eu partiria da estética geológica de Negoiţescu, aquela que sugere o aspecto abissal da criação do poeta, de cujo solo emerge uma poesia netuniana – dos versos publicados em vida, comparáveis à terra formada pela ação das águas, que se origina dos estratos mais tangíveis do espírito – e uma poesia plutônica – da obra não publicada, do zibaldone de Eminescu, da rocha nascida do fogo subterrâneo, a emergir das profundezas, onde se agitam as chamas obscuras. (4)
Foi Mihai Zamfir quem ultrapassou os limites da dialética geológica, ao abandonar a ideia acidental de édito e inédito, para atingir outra polaridade mais produtiva, do épico e do lírico, apta a explicar os sentidos multifários da obra em questão, como também boa parte da poesia romena do século XX, como se esta potencializasse o território eminesciano, dentro do qual se movem – a meu ver – Bacovia e Stǎnescu, Barbu e Pilat, Bogza e Sorescu. E a lista seria bem maior. Diz Zamfir:
A distinção em vida/póstumo, sob cujo signo Negoiţescu formulara a sua célebre análise da poesia eminesciana, deve ser reformulada: tratam-se de pequenos poemas versus grandes poemas; com efeito, entre o que Eminescu considerava publicável, com base nas normas comuns da época, e a imensa quantidade de versos conservados no depósito escondido. Petru Creţia, após as descobertas feitas como editor e exegeta, acreditava que a oposição vida/ póstumo se tornara irrelevante. Acreditamos que deveria ser apenas corrigida no sentido antes sugerido. O ‘pólo épico’, a zona primordial de sombra e de intimidade eminesciana, há de se opor ao ‘pólo lírico’, no sentido comum, como zona de relativa luminosidade e conformismo. O imenso cosmos romântico de que agora falamos cristalizou-se ao redor daqueles dois pólos, limites visíveis de um mundo poético entre os menos conformes ao espírito geral da poesia romena. (5)
Considero esse horizonte como um programa de reversão metodológica, voltada para um Eminescu total, não sufocado por clivagens regionais e zonas de silêncio, justificadas por razões de ordem nosográfica ou por uma certa crítica genética de aspiração liputiana.
Gosto de citar as páginas de Rosa del Conte, autora do livro Eminescu ou do absoluto, com suas intuições fulgurantes. Poucas palavras para definir Luceafărul, no trânsito impossível entre imanência e transcendência:
figura de um drama, provocado por uma dupla aspiração: do terreno para o divino e do divino para o terreno, aspiração percebida, contudo, e vivida com um pathos diverso pelos dois protagonistas. (6)
A separação entre mundo terrestre e celeste não conhece licença poética. E tampouco se inscreve no salto característico da obra de Dante, das alturas do Empíreo e da beleza de Beatriz. O drama dos mortais guarda afinidades com o “Hyperions Schichksalslied” de Hölderlin – von Klippe zu Klippe geworfen. Mas não se trata de um capítulo de influências, o de Eminescu, mas o de um maço de confluências, que se estende num espaço outro, abrasado pela chama singular de sai poesia.
Para críticos de menor fôlego, a leitura de Eminescu não passa de uma sucursal sainte-beuviana, onde importa definir o estado de saúde do poeta para desvendar-lhe muitas págianas. Tem razão Manolescu, referindo-se a Vésper como um poema metafísico que sai das tensões da alma de Eminescu para a sua hipóstase essencial. As contínuas metamorfoses indicam um drama. Lacerante a princípio, a alma lírica reconquista a unidade ao fim. O diálogo das vozes exprime a aventura metafísica: a aspiração e a renúncia, o sofrimento e o êxtase, a confiança e a desilusão, a ligeireza e a paixão, a resignação e o sarcasmo. E é algo a mais do que um poema sobre a condição do poeta: Luceafǎrul se dirige, ao contrário, à condição humana. (7)
O grau de metafísica de Vésper é alto. Lembra algo do Demônio de Liermontov, com seus castelos e vertigens, o drama das alturas e do espaço. (8) Mas a comparação não progride. Há no poema de Eminescu uma estranhíssima clareza, que não encontro no poeta russo. Uma rara solidão. Algo como um princípio mozartiano de superfície, que aos poucos revela um fundo de impensadas dissonâncias, no seio das camadas plutonianas. Poema de expressão luminosa, marcado por escuras harmonias. Bem mais escuro que o Demônio.
“Luceafărul” é todo vazado numa perspectiva onírica – como lembram Edgar Papu e Marco Cugno, entre sonho e rêvérie – é filho do Sono de Cipião, de Cícero e da inacabada abertura de espaços que havia de chegar a Milton. Impressiona a viagem de Vésper ao Pai, para pedir-lhe enfim que o livrasse de sua condição mortal. Sobe ao céu mais alto. Não há máquina do mundo como em Camões. Mas uma sugestão de sovrumani silenzi. Vésper sobe, atravessa milênios num instante. Deixa um oceano de estrelas acima e abaixo de si. Avança nas paragens azuis da madrugada. Como os pássaros de Attar. Como o canto III do Paraíso perdido. Num mundo sem fronteiras:
Porni luceafărul. Creşteau
În cer a lui aripe,
Şi căi de mii de ani treceau
În tot atâtea clipe.
Un cer de stele dedesubt,
Deasupra-i cer de stele -
Părea un fulger nentrerupt
Rătăcitor prin ele.
Şi din a chaosului văi,
Jur împrejur de sine,
Vedea, ca-n ziua cea de-ntâi,
Cum izvorau lumine;
.................................
Căci unde-ajunge nu-i hotar,
Nici ochi spre a cunoaşte,
Şi vremea-ncearcă în zadar
Din goluri a se naşte.
Chega a uma espécie de céu dos céus, e implora ao Pai, senhor da Vida e da Morte, que o liberte de sua imortalidade. Tudo por uma hora de amor. Não mais que isso. E o drama leopardinao dos imortais ressurge nas palavras de Vésper. Mas com uma entrega heroica digna do antigo poema Mioriţa. Se Vésper nasceu do repouso é ao repouso que sua alma aspira. Mais que a morte pode o amor:
- De greul negrei vecinicii,
Părinte, mă dezleagă
Şi lăudat pe veci să fii
Pe-a lumii scară-ntreagă;
O, cere-mi, Doamne, orice preţ,
Dar dă-mi o altă soarte,
Căci tu izvor eşti de vieţi
Şi dătător de moarte;
Reia-mi al nemuririi nimb
Şi focul din privire,
Şi pentru toate dă-mi în schimb
O oră de iubire...
Din chaos, Doamne,-am apărut
Şi m-aş întoarce-n chaos...
Şi din repaos m-am născut.
Mi-e sete de repaos.
A figura poderosa do Pai responde com severo espanto. Não pode atender demandas impossíveis e desprovidas de sentido. Assemelhar-se aos homens, e compartilhar com eles o perecível? Mas se os mortais são como as ondas que morrem e nascem no oceano? Como se dissesse com Hölderlin que os deuses vivem num céu elevado e puro, longe das correntes iguais do tempo, da fuga perene de todas as coisas. Aos homens cabe essa queda pelo desconhecido abaixo (ins Unsgewise hinab), nascem para morrer e dar vida a outros que conhecerão o mesmo fim. Prisioneiros da sorte. Filhos do Fado:
- Hyperion, ce din genuni
Răsai c-o-ntreagă lume,
Nu cere semne şi minuni
Care n-au chip şi nume;
Tu vrei un om să te socoţi,
Cu ei să te asameni?
Dar piară oamenii cu toţi,
S-ar naşte iarăşi oameni.
Ei numai doar durează-n vânt
Deşerte idealuri -
Când valuri află un mormânt,
Răsar în urmă valuri;
Ei doar au stele cu noroc
Şi prigoniri de soarte,
Noi nu avem nici timp, nici loc,
Şi nu cunoaştem moarte.
Din sânul vecinicului ieri
Trăieşte azi ce moare,
Un soare de s-ar stinge-n cer
S-aprinde iarăşi soare;
Părând pe veci a răsări,
Din urmă moartea-l paşte,
Căci toţi se nasc spre a muri
Şi mor spre a se naşte.
Hipérion há de permanecer imutável. Sua palavra flutua acima das formas provisórias. Poderia dar o que quisesse ao Filho, mas nunca a morte. Diz-lhe por fim que volte a brilhar sobre a Terra peregrina que o espera:
Iar tu, Hyperion, rămâi
Oriunde ai apune...
Cere-mi cuvântul meu de-ntâi -
Să-ţi dau înţelepciune?
...............................
Îţi dau catarg lângă catarg,
Oştiri spre a străbate
Pământu-n lung şi marea-n larg,
Dar moartea nu se poate...
Şi pentru cine vrei să mori?
Întoarce-te, te-ndreaptă
Spre-acel pământ rătăcitor
Şi vezi ce te aşteaptă."
Eis o drama de uma falta articulada nos campos do infinito, num acréscimo de altura e solidão, que se desdobra em muitos planos, de ordem espaço-temporal, como também da perfeição do gênio e de seu heroico abandono.
O brilho de Vésper sobrepaira acima do mundo sublunar, mas não além da falta que o suporta. A condição dos selige Genien não dissolve as potências do desejo, para além da filosofia de Schopenhauer – que irmana a posteriori Leopardi e Eminescu.
As estrelas do firmamento ficaram frias como as lágrimas do Demônio de Dante. Não há como restaurar a harmonia das essências primordias. O que nos resta – e nisso reside a grandeza da poesia de Eminescu – é o modo de cantar o exílio que rege o drama de mortais e imortais.
NOTAS
(1) Os poemas de Eminescu foram tirados da edição de Petru Creţia, em dois volumes, cujo título é Poezii, proza literară. Bucareste, Cartea Româneasca, 1978.
(2) Diz George Popescu: Procesul “mitizării” lui Eminescu îşi are originea (şi determinările) în ceea ce am putea numi tradiţia Maiorescu. Intuindu-i şi decretându-i, “prea timpuriu” (în ciuda reproşului bizar ce i s-a adus ulterior criticului de a fi fost prea “reţinut” faţă de receptarea poetului) geniul, Maiorescu a ordonat deja piedestalul viitorului “monument” (“mit”), ce n-a încetat să se edifice cu timpul, în contexte, estetice, dar şi politice şi istorice distincte, de cele mai multe ori favorabile, dar şi în dispreţul oricărei reticenţe; reticenţa n-ar trebui nicidecum înţeleasă ca dubiu vis à vis de valoarea intrinsecă a textului, ci ca sistem de filtre ale lecturii, cu accent pe metamorfozele obligatorii impuse de mobilitatea orizontului de aşteptare al lectorului. Aşa se face că, la intervale relativ mari, preţ de generaţii, textul eminescian a continuat să fie blocat la un palier interpretativ lovit de imobilismul (interpreţilor), ignorând lectura şi lăsând câmp deschis sentinţelor “monumentaliste” tautologice: “luceafăr”, “ultimul mare romantic”, “geniu nepereche”, “apariţie meteorică”, ca să nu mai vorbim de rebarbativul limbaj de portanţă “jurnalistică”, debordând, fără excepţie, un festivism rapace. (revista Paradigma 1999?)
(3) Eliade, Mircea. Camões e Eminescu. Macau: Fundação Macau, 1999, pp 23-24, tradução de Anca Ferro.
(4) Negoiţescu, Ion. Poezia lui Eminescu. Bucareste, 1966, Editora EPL, P. 11-12.
(5 ) Zamfir, Mihai. Un Eminescu între douǎ secole in “România Literarǎ, 33, 34, p. 13.
Sobre a visão de Zamfir, vale citar as palavras de Manolescu: Sînt semne (între care un superb articol al lui Mihai Zamfir pe care l-am publicat chiar în România literară) că a venit timpul unei mai bune înţelegeri a pluralităţii poeziei eminesciene. Eminescu al viitorului imediat nu va mai fi un anumit Eminescu, nici acela maiorescian (deşi o revenire la splendoarea formală a antumelor pare a-i atrage pe unii comentatori), nici acela călinescian, împins la limită de Negoiţescu (deşi nu pare să se fi stins de tot focul din măruntaiele marelui romantism eminescian). Va fi, după cît ne este omeneşte cu putinţă a ghici, un Eminescu întreg şi plural, capabil a ne surprinde prin laturi ignorate ale poeziei, nu doar majestuos sau emfatic, dar şi ludic sau bîntuit de jocurile unei fantezii pornografice, nu doar bijutier al versului, dar şi sublim neglijent, în stare de enorme şi comice bîlbe, autor de chinezerii delicate şi de umbre pe pînza vremii, dar şi pamfletar trivial, posesor al tuturor tehnicilor şi schimbîndu-le după plac, în stare de realismul cel mai viguros şi de livrescul cel mai pur, stilizînd arghezian oribilul, sfărîmînd bacovian organele poziei, mitizînd ca Blaga şi evocînd nostalgic ca Pillat, continuîndu-i pe tot poeţii (pe marii naivi ca şi pe micii meşteşugari) din secolul XIX şi anticipîndu-i pe toţi (academizanţi, simbolişti, modernişti, păşunişti) din secolul XX. (România Literară, editorial de Nicolae Manolescu, p. 1, 16-22 janeiro de 2001)
Importante citar, no contexto das relações bilaterias entre a poesia do Brasil e da Romênia, a avaliação de Zamfir sobre o dossiê da revista Poesia Sempre (n. 22 de 2006) dedicado à poesia daquele país: In această ţară [Brasil] apare o singură mare revistă consacrată poeziei: e a este editată de Biblioteca Naţională din Rio de Janeiro, are cadenţă trimestrială, se tipăreşte în condiţii grafice excepţionale, de mare eleganţă şi se cheamă Poesia Sempre (titlu traductibil prin Pururi Poezia). Mai are însă un specific: în cei 13 ani de cînd apare, fiecare număr al ei a fost consacrat unei anumite ţări şi totodată unui anumit poet brazilian proeminent [...] Pe firul acestui raţionament, surprizele provocate de numărul 22 al revistei Poesia Sempre mi se par considerabile. Editorii - şi în special ghidul acestei întreprinderi, profesorul Marco Lucchesi - au reuşit să producă în limba portugheză o antologie a poeziei noastre, începînd cu Mioriţa şi terminînd cu Ana Blandiana. Mai important decît aceste puncte feminine de plecare şi de sosire e parcursul: 25 de poeţi, în genere dintre cei mai mari (Eminescu, Macedonski, Bacovia, Arghezi, Blaga, Barbu), însoţiţi de alţii, cu înălţimi variabile, dar alcătuind împreună un florilegiu de primă mînă; în total, 58 de poeme compuse de 25 de poeţi. Cei care au tradus sunt literaţi deja consacraţi, unii celebri în Brazilia [...] cărora li se adaugă alte cîteva nume, unite într-un impresionant efort. (in România Literară, n 29 , 2007)
(6) Del Conte, Rosa. Eminescu o dell´assoluto. Modena, Società Editice Modenese, 1962, p 64.
(7) Manolescu, Nicolae. Teme. Cartea Româneascǎ, Bucareste, 1971, 137.
(8) De Mihail Liermontov, cito e traduzo um trecho (9, 585-588):
И Ангел грустными очами
На жертву бедную взглянул
И медленно, взмахнув крылами,
В эфире неба потонул.
E o Anjo do céu tristemente
Olhou para a donzela
E movendo as asas lentamente
No éter celeste mergulhou.
Revista Ricerca Z , nº1 (Itália)