No início deste ano, estive, com a minha mulher, Ruth, no pampa gaúcho a convite do diretor da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul, Gilberto Schwartsmann, curador da impecável mostra Caminhos de Proust, quando ministrei a palestra Memórias de Proust.
Autor do livro A amante de Proust, Schwartsmann, além de presidente da Associação de Amigos do Theatro São Pedro, é membro da Academia Nacional de Medicina e professor titular da Faculdade de Medicina da UFRGS. Presidiu a Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul, a Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul e a Bach Society Brazil. Recebeu várias distinções no Brasil e no exterior, entre elas o Prêmio de Destaque Cultural pela Associação Rio-Grandense de Imprensa, o Prêmio Açorianos de Cultura de Porto Alegre, o Prêmio de Destaque Cultural pelo governo do estado do Rio Grande do Sul.
Membro honorário da Real Academia de Medicina da Espanha, orientou quase uma centena de dissertações e teses doutorais. Possui mais de 250 artigos originais, com mais de 12 mil citações pelo Pubmed. É escritor, com livros publicados no país e com tradução para o espanhol e para o francês. Foi curador da mostra Centenário do Movimento Modernista no Brasil, na Casa da Memória de Porto Alegre.
Educação e judaísmo, como se pode observar, são atividades que sempre estiveram entrelaçadas. Quando o então presidente da província de São Pedro do Rio Grande do Su,l Manoel Antônio Galvão, em 1833, doou um terreno no centro da capital, Porto Alegre, para as obras do Theatro São Pedro, a população não era mais do que 20 mil almas. O sonho, contudo, era o de ter na cidade um grande teatro, que abrigasse com dignidade as diferentes manifestações culturais.
Os 10 anos da Revolução Farroupilha, de 1835 a 1845, adiaram a inauguração da obra por quase três décadas. Em 1858, Ângelo Moniz da Silveira Ferraz, o Barão de Uruguaiana, então presidente da província, inaugurou o belo teatro, o qual, ao longo de um século e meio, recebeu óperas, concertos e peças teatrais vindos da Europa e das principais capitais do continente americano.
Hoje, ao descortinar do ano de 2023, os porto-alegrenses já são cerca de um milhão e meio de habitantes e o estado do Rio Grande do Sul chega a 12 milhões. O tradicional Theatro São Pedro, por sua vez, encontra-se mais vivo e vibrante do que nunca, em meio a um intenso programa de restauração e de adaptação aos novos tempos.
Honrando a visão de futuro da saudosa Dona Eva Sopher, que por décadas coordenou as obras de recuperação do teatro e de ampliação de seus espaços, tem-se, hoje, a criação do projeto Multipalco, um complexo cultural com quase 18 mil metros quadrados. Somado à área do Theatro São Pedro, são mais de 25 metros quadrados dedicados às várias formas de expressão artística.
O projeto Multipalco permitirá que seja oferecida infraestrutura não apenas para as artes de palco, mas para atividades de ensino, inclusão social e aprimoramento técnico de jovens artistas e técnicos. A conclusão das obras do Multipalco é, atualmente, da responsabilidade da Fundação Theatro São Pedro, dirigida pelo jornalista Antonio Hohlfeldt e da Associação de Amigos do Theatro São Pedro, presidida por Gilberto Schwartsmann. Entre os seus espaços, destacam-se a Concha Acústica, com capacidade para receber 200 espectadores; o Teatro Italiano, para 650 espectadores; o Teatro Oficina, para 200 espectadores; salas para música de câmera, ensaios, recitais, conferências e simpósios.
Ao longo dos anos, milhares de crianças, adolescentes e adultos de todas as idades têm se beneficiado das instalações e infraestrutura, tornando-se cidadãos mais produtivos. As crianças que participam dos projetos educativos podem desenvolver seus talentos artísticos, melhorando o rendimento escolar e cultivando o sentimento de cidadania.
Os recursos destinados à realização dessas obras advêm de repasses diretos do governo do estado do Rio Grande do Sul, bem como de verbas obtidas de empresas parceiras, via projetos aprovados através de leis de incentivo à cultura em níveis federal e estadual. O projeto Multipalco é a prova de que os gaúchos acreditam no poder transformador da arte.