A avalanche mundial das direitas repercute no Brasil. É evidente que, de saída, nós estamos vendo este fenômeno inédito: não se trata apenas da prisão de Lula, mas de reconhecer o fato de que ele não tem substituto. A esquerda não possui candidato viável para as próximas eleições; há uma espécie de “monopólio eleitoral” do ex-presidente, que não fixou um sucessor. Nós estamos vendo a pobreza dos possíveis candidatos, e isso nos mostra o perigo e, mais do que isso, a demolição do que vão ser as esquerdas nas próximas eleições.
Mais ainda, talvez, não tenhamos nos dado conta do que é o esfacelamento do centro. Quem ainda está acreditando numa coesão em torno de Alckmin, e a maneira pela qual essa nova partilha vai comprometer a viabilidade eleitoral de tal opção neste momento?
Tudo isso vem em contraste à situação de Bolsonaro: o que é a sua expansão, atualmente? Em primeiro lugar, parte do reconhecer-se de que não é possível mais expandir a apropriação estatal da poupança brasileira. A partir desse limite, o setor privado não admite mais o crescimento da fiscalidade, e do que representaria o seu evento no futuro imediato.
Em segundo lugar, Bolsonaro defende o privatismo, na condução do que remanesce da máquina pública, e, inclusive, mesmo nos setores críticos. Vai se entregar ao setor privado a Eletrobras, ou a Petrobras, como, inclusive, já está acontecendo?
De fato, é importante e entendível que essa situação tem que ser controlada de qualquer maneira e, sobretudo, na emergência do contemporâneo, há áreas que não podem vir ao setor privado. Referimo-nos aos novos direitos que estão começando a emergir: a proteção da intimidade, por exemplo, diante do volume dos controles eletrônicos que despontam na atualidade. Por outro lado, sem o setor estatal, como é que se pode proteger o ecúmena?
E aí chegamos às previsões imediatas, diante das próximas eleições. Verificamos, em primeiro lugar, que novidades nós só temos com a candidatura emergente do filho de João Goulart, através do Partido da Pátria Livre. E, ao lado disso, como esperanças de mudança, o PCdoB e a candidatura Boulos, no PSOL.
Claro que isso nos leva, também, a atentar às candidaturas institucionais, dentro de partidos e de aparelhos. A de Marina a entrar no jogo, e o fazendo com muita determinação. Mas também a “tranquila esperança” com o que Rodrigo Maia está realmente achando que o Alvorada será dele.
Dificilmente, as novas eleições vão apresentar um candidato surpresa. É impressionante, sobretudo, que a esquerda não tenha, apesar de governadores petistas, de fato, uma figura eleitoralmente ponderável. Vamos ter “mais do mesmo”.