Em tempos eleitorais, não há quem queira admitir que uma segunda onda da COVID-19 está chegando entre nós, assim como chegou na Europa e nos Estados Unidos. Exatamente um ano após a 1ª infecção associada à COVID-19 em Hubei, na China, o mundo registra recorde de mortes pela doença nos últimos dias. Até esta data, já ultrapassamos a 1.340 mil mortos e mais de 56 milhões de casos confirmados. No Brasil, chegamos a quase 170 mil mortos.
A sensação generalizada, diz o estudo, é que com a crise da saúde pública sendo irresponsavelmente politizada, órfã de coordenação do governo Federal para planejar e agir com eficiência nas batalhas que o país precisa vencer neste campo, não há dúvidas de que o cenário atual deixará marcas. E não são favoráveis as perspectivas futuras.
Do endividamento público ao ensino à distância, do comércio digital à evolução das mídias sociais, o país será impactado por vários fatores que a consultoria analisou. Para a Macroplan, o Brasil iniciará o novo ciclo muito provavelmente como o 2º país emergente mais endividado do mundo e posicionado entre os cinco maiores em número de mortos pela COVID-19. Até 2030, a consultoria enxerga seis tendências consolidadas, qualquer que seja o cenário.
Em dez anos o país terá 225 milhões de habitantes e continuará diverso e desigual. Seguindo o estudo seminal do economista Edmar Bacha, criador da Belíndia, país fictício que une a riqueza da Bélgica com a pobreza da Índia, a Macroplan, mantida a trajetória atual, define que haverá cinco realidades no que se refere à renda per capita, com um grupo de Estados com renda equivalente ao Uruguai (RS,SC, PR, SP), outro com renda similar à da China (RJ, ES, MG, GO, DF MS), um terceiro grupo mais parecido com o Paraguai (MT, RO, TO, CE, RN, PB, PE ), um quarto equivalente à Jamaica (BA, SE , AL, AM, RR) e um grupo mais próximo da realidade atual da Bolívia (PA, AC, AP, MA, PI).
No estudo da Macroplan, o Brasil também permanecerá dividido em quatro grupos de Estados no que tange a concentração de renda. Neste caso, as comparações internacionais recaem sobre o Chile, Panamá, o próprio Brasil e a Zâmbia.
Até o final da década dos 20, o Brasil seguirá como “um país de renda média”, ou seja, emergente e distante dos economicamente desenvolvidos, ainda mais distante de países como China e Índia. A infraestrutura seguirá deficiente nos principais segmentos: rodovias, ferrovias, portos, oferta de energia, mobilidade urbana, saneamento, educação, saúde e segurança.
Mas este será um campo repleto de boas oportunidades para investimentos privados, se houver segurança jurídica para PPPs e concessões. A economia será parcialmente amparada pelos bons resultados do agronegócio, com o Brasil sendo o grande supridor global de alimentos (soja, carne, açúcar, café e suco de laranja), assim como a produção e exportação de minério de ferro e celulose.
Como um dos países mais populosos do mundo, o mercado interno continuará atrativo em escala global (10º maior mercado consumidor), pois o escoamento de produtos será facilitado sobretudo pela malha rodoviária do país (ainda que precária, a 4ª maior malha mundial) e por uma rede de cidades integrada e acessível.
Para além destas tendências consolidadas e dos grandes condicionantes macroeconômicos e político-institucionais, o Brasil passará por transformações profundas, muitas turbinadas pela pandemia. O estudo da Macroplan analisou os dez principais catalisadores que irão moldar o futuro do país e que precisam ser acompanhados de perto pelas lideranças e agentes públicos e do setor produtivo. ((Amanhã, os catalisadores do futuro).