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O negócio das indenizações

 

Um dos bons negócios para premiar quem não merece - algumas vezes, alguém que merece -, mas parcimoniosamente, e, mais raramente, quem de fato deve receber uma quantia significativa. No Brasil, os negócios de Estado e os de indenizações são lançados em lei conforme o humor de deputados e senadores, nunca como um princípio de justiça a ser reparado.


Na Alemanha, as indenizações foram pagas a milhares de interessados, sem serem levados em conta, senão para uma minoria, os princípios de justiça. Não há, entre os nossos conhecidos, quem não se tenha aproveitado das larguezas da câmara de indenizações - caso alemão federal - e tenha ganho uma boa bolada. Outros, que não tiveram o mesmo expediente, ganham o que mal dá para viver.


No Brasil as indenizações são pagas. De acordo com os interesses de quem efetua os pagamentos, não raro pela amizade ou pela simpatia. A mídia inventou a expressão "anos de chumbo". Devemos reconhecer que todas as revoluções, inclusive as brasileiras, são maculadas por atos indecorosos, manifestamente criminosos, às vezes, mas outras vezes os indenizados nada fizeram para ganhar.


É por esse motivo que surgem polêmicas sobre o pagamento das indenizações, e tantas vezes os inocentes tornam-se culpados aos olhos dos observadores e dos que participaram das revoluções, no caso, da revolução de 31 de março.


Seria preciso purificar o método de pagamento e pagar, efetivamente, a quem perdeu com a revolução, e que deve, portanto, ser indenizado. Mas, quantos são? Aí é que entra a dificuldade de se apurar quem merece e quem não merece ou merece menos. Mas fiquemos por aqui. Pois o problema suscita reações, o que é melhor evitar, pois que não vamos mudar o Brasil e a maneira de ser dos brasileiros.


 


 


Diário do Comércio (São Paulo) 12/04/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 12/04/2005