Dizem que político mente por dever de ofício. Mas há os que abusam. O site Intercept garante que Bolsonaro, por exemplo, mentiu publicamente 200 vezes desde que tomou posse, isto é, mais de uma mentira a cada 24 horas. A julgar pelos últimos dias, o número não é exagerado.
Em uma só manhã, o presidente mentiu para a imprensa estrangeira sobre a fome, o desmatamento, a educação, o uso de agrotóxicos. Ele às vezes tem o comportamento de um mitômano, mente por compulsão.
Na primeira entrevista ao “Jornal Nacional” depois de eleito, ele disse que sua bandeira era a passagem bíblica “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. E terminou dirigindo-se aos crédulos: “Agradeço aos que acreditaram na verdade e confiaram no meu nome nas urnas”.
Aos correspondentes, no entanto, ele afirmou que não existia fome no Brasil. Depois, ao tentar consertar, mentiu novamente, admitindo que apenas “alguns” não têm acesso à comida — na realidade são mais de cinco milhões de brasileiros nessa situação.
Quanto ao desmatamento, o Brasil não é o país que mais preserva o meio ambiente, como ele anuncia. Está em 30º lugar, de acordo com o Banco Mundial.
Mas o que mais irritou Bolsonaro foi o Inpe revelar o aumento de 88% em relação a julho de 2018, ou seja, mais de mil quilômetros quadrados de floresta. Em vez de xingar os grileiros, ele acusou os dados de “mentirosos” e insinuou que o diretor do Inpe, Ricardo Galvão, estava a serviço de alguma ONG.
Galvão classificou as acusações como “piadas de um garoto de 14 anos” e disse que o presidente não respeita a dignidade e a liturgia do cargo. Também a SBPC divulgou manifesto em apoio ao Inpe e a seu diretor. “Dr. Ricardo Galvão é um cientista reconhecido internacionalmente, que contribui para a ciência, tecnologia e inovação do Brasil”.
Quanto a Míriam Leitão, Bolsonaro mentiu, acusando-a de mentir sobre sua prisão. Mas ele já comentou a cena em que os torturadores puseram na sua cela uma jiboia e apagaram a luz. “Coitada da cobra”, debochou o então deputado.