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O inusitado sequestro

 

A partir de julho, uma nova companhia aérea dos EUA vai oferecer voos confortáveis para animais de estimação. A Pet Airways, cujo autoproclamado objetivo é "oferecer uma solução segura e confortável para o transporte aéreo de animais domésticos", vai inaugurar seus serviços com um Beechcraft 1900 totalmente transformado. O avião poderá transportar 50 cachorros e gatos. Os assentos foram substituídos por prateleiras com compartimentos especiais. A bordo um assistente faz ronda a cada 15 minutos para ver se tudo está bem. Segundo estudos feito nos EUA, onde existe um verdadeiro culto aos animais de estimação, cerca de 76 milhões de cães de gatos viajam por ano, dos quais 2 milhões em avião. Folha Online


AGUARDADO com muita expectativa, o primeiro voo da Pet Airways, empresa aérea especializada no transporte de animais de estimação, começou com otimismo e entusiasmo. Na sala de espera, dezenas de pessoas que haviam trazido seus cães e gatos para inaugurarem a nova linha aérea, conversavam animadamente.


No horário previsto, foi feita, através do alto-falante, uma chamada para o embarque dos passageiros. Prioridade foi concedida, naturalmente, aos bichos da melhor idade e aos portadores do cartão-fidelidade Pet Airways.


Bem disciplinados, os animais dirigiram-se ao avião onde um atendente (humano) aguardava-os para acomodá-los nos lugares indicados.


Tudo isso foi feito sem nenhum problema. Uma sorridente aeromoça então distribuiu aos passageiros pacotes de ração -sabe-se que o alimento alivia a ansiedade, e ansiedade ali seria inevitável já que os bichos estariam voando sem a reconfortante companhia de seus donos.


Os cintos de segurança foram então afivelados, alguns pelos próprios animais, bem treinados para tal. As telas exibiram um curto desenho animado, aparentemente destinado à diversão, mas que em realidade continha mensagem subliminar acerca de como cães e gatos deveriam se portar a bordo.


Em seguida a aeronave decolou. O tempo estava ótimo, e tudo indicava que o voo, aliás curto, seria absolutamente normal. Mas não foi.


Cerca de meia hora após a decolagem um cão saltou de seu compartimento. Era um pitbull de aparência feroz e ameaçadora. Pulou sobre o comissário, derrubou-o, e ali ficou sobre o pobre homem, rosnando.


A mensagem estava clara: tratava-se de um sequestro. Mas o que queria o sequestrador? Como descobrir seu objetivo?


Felizmente não foi difícil resolver o dilema. No momento, passavam por um pequeno aeroporto, e o pitbull latiu, autoritário, para o comandante, que, de sua cabine, controlava o que estava se passando. O experiente aeronauta compreendeu a mensagem: tinha de pousar, e ele pousou.


O pitbull postou-se diante da porta, que foi aberta. Saltou para fora e desapareceu na floresta próxima, para, obviamente, nunca mais ser encontrado. Depois se soube que o dono do bicho, cansado de seu mau humor, vendera-o a outra pessoa, que estaria esperando no aeroporto de destino. O cão tinha, contudo, outros planos, e para isso recorrera ao sequestro. Medidas extremas também fazem parte da vida canina, mesmo entre as nuvens.


Folha de S. Paulo, 25/5/2009