Faleceu há dias em Paris o antigo diretor da Faculdade de Medicina, Maurice Maurois, que se tornou amplamente conhecido no exterior da França por ter criado o Instituto da Vida, com a finalidade de elevar a condição do ser humano, em todos os sentidos. Era um homem extremamente amável e cultivado, como há poucos. Conheci-o por costumar-se ele hospedar-se em vila (casa com jardim na França) de parentes, a uns duzentos metros da vila de minha mulher na Cote d'Azur.
Passando, sempre, diante da casa de minha mulher, e estando eu no meu cooper , acabou, por iniciativa minha, me conhecendo e fazendo amizade. Foi aí que me levou a conhecer o Instituto da Vida, dando-me um lugar no seu conselho, que exerci durante as estadas em Menton, na Cote d'Azur. Era uma organização singular, mas inteiramente dedicada a cultuar os nossos semelhantes, para que sejam considerados pessoas, merecedoras do amparo do Estado e dos particulares.
O Brasil, disse-me ele, para vergonha minha, havia sido com outros cinqüenta e três países, convidado a integrar o Instituto, mas não respondera ao convite que lhe fora feito. Todos os demais cinqüenta e dois haviam respondido ao convite e apoiaram o Instituto, menos o nosso querido Brasil, cujos governos não têm a formação necessária para compreender uma organização como essa, e seu benefício para todos os seres humanos.
Procurei explicar que, provavelmente, o convite se extraviara, mas eu mesmo estava convencido que o convite fora jogado no cesto de lixo pelo presidente em exercício ou o chefe da Casa Civil, pois era presidente João Figueiredo. O Instituto da Vida prosperou e prestou grandes serviços dentro de seu programa. Beneficiaram-se os países aderentes. Daí ter sido um grande benemérito esse médico e realizador, de quem guardo a melhor saudade, pelo convívio ameno que tivemos na Cote d'Azur, em tempos passados.
Diário do Comércio (São Paulo) 19/11/2004