O sentimento é geral: estamos vivendo um dos momentos mais vergonhosos de nossa vida republicana. A presidente Dilma e o PT em massa estão falando em golpe. Já tivemos vários e dramáticos golpes na nossa história, basta lembrar a Proclamação da República, a Revolução de 30, a queda da ditadura Vargas e, o mais trágico de todos, o golpe militar de 1964.
Dessa vez não se pode falar em golpe. Tudo de mau que está acontecendo foi previsto e punido pela Constituição, que até agora ninguém teve a audácia de rasgar.
Por mais que sejam abomináveis os atos dos principais personagens (Dilma, Eduardo Cunha e seus respectivos seguidores), o fato é que não temos nenhum líder de peso para dar um rumo ilegal à situação que estamos atravessando. Somos, como disse Osvaldo Aranha, "um deserto de homens e ideias". Nosso único e indiscutível craque é mesmo Neymar, que está na Espanha.
Em 1964, havia líderes militares que atuavam para destroçar a Constituição e instaurar uma ditadura feroz. Felizmente, pelo menos até agora, não surgiram personagens como Castelo Branco, Costa e Silva, Geisel, Osvino, Golbery, Mourão Filho, Médici e outros que violentaram a lei e as instituições.
A França, pelo menos retoricamente, criou o mito do grande mudo. Seria uma referência à força dos militares. Nem sempre essas forças foram mudas na história da França. E muito menos no Brasil. Contudo, no lamentável momento em que a classe política está bagunçando a vida nacional com a corrupção, a inflação, o retrocesso da economia e a vergonha no conceito internacional, ainda não apareceu um candidato militar que iniciasse nova e desgraçada ditadura. Com toda a miséria da atual situação, devemos torcer para que o grande mudo continue mudo e não tente piorar as coisas.