Detalhes à parte, a operação policial-militar da Rocinha, no último domingo, foi positiva, mas não decisiva. Afinal, a questão do tráfico tornou-se uma guerrilha, uma luta por território, na qual o Estado é desafiado todos os dias pelo poder paralelo.
Não mais se trata de um episódio do crime organizado. É mais do que isso. É uma batalha com muitas frentes e, além de tratar-se de uma guerra por território, é também a tentativa de criar uma estrutura administrativa desvinculada e até contrária à sociedade como um todo.
Como espetáculo, funcionou. Temiam-se tiroteios e algumas dezenas de mortos. Neste particular, as autoridades vieram com tudo em cima e praticamente não houve resistência. Ganhou o mais forte, mas não o mais esperto.
A estratégia de qualquer guerrilha, em todos os tempos e lugares, recomenda evitar o confronto com o adversário mais poderoso e propõe criar condições para recuperar o espaço e as posições alcançadas.
Enquanto o tráfico continuar sendo, como é, um dos negócios mais rendosos da economia marginal e agressiva, enquanto houver consumidores e dependentes das diversas drogas existentes no mercado, o desafio do crime contra a lei continuará, de forma recorrente ou não.
Bem verdade que, durante anos, a atuação das autoridades não se organizava com a eficiência demonstrada nas últimas tentativas de combater o tráfico. Se de um lado as forças policiais e militares adquiriram experiência e logística, os traficantes também aprenderam como evitar ou camuflar operações como a do Complexo do Alemão e agora da Rocinha.
A eterna briga entre o gato e o rato, que até hoje não foi decidida por nenhum dos lados. Alguém já argumentou sobre um tema ontológico: que culpa tem um rato de ser rato?