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O escândalo da hora

 

Sento-me diante dos meios de comunicação de massa e tenho os jornais à mão, pondo-me, então, a ver o que há de novo nesta república, que Lopes Trovão já considerava não ser a sua. Procuro os escândalos do dia, para ser mais conciso nas minhas divagações. Quero procurar o escândalo da hora. Fico decepcionado que lá ainda esteja o nome de Renan Calheiros, neutralizado por um ardil de seus confrades do Senado, que o impediram de presidir uma sessão. Viro-me depois para outra notícia e fico sabendo que a Petrobrás foi a maior doadora de dinheiro ao PT na última eleição, incorrendo em pena de crime eleitoral. Não me canso, ainda, desses escândalos, que seriam fatais para qualquer país posto na linha da decência. Vejo que os jornais estão cheios de escândalos e mais escândalos.


Não duvido que não haja regimes puros. Como me disse um especialista, até o sol tem manchas. Concordei, pois é essa a realidade. Seria impossível querer uma Câmara dos Deputados rigorosamente escorreita, sem apresentar a alguns deputados boas condições para desviar algum dinheiro na direção de sua conta bancária, pois até os zebus dão lucro, como declarou o senador Renan Calheiros.


O que espanta é o número de escândalos, roubalheiras, desvios de verbas e outras má criações de enrubescer um velho experimentado com as ilusões e as desilusões político-partidárias na administração pública ou nas estatais. Muitos países já foram destruídos pelos escândalos. Desde a Grécia Antiga, passando por Roma e chegando até Lisboa, muitos já foram condenados pelos críticos e impertinentes, que não se cansam de colher informações para suas censuras históricas.


Enfim, de escândalos estávamos cheios, mas como agora, nunca! É o efeito-cachaça, em que uma embriaguez provoca outras embriagueses.


Diário do Comércio (SP) 15/7/2007