Faz alguns dias, escrevi nesta coluna que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, não tinha ainda escrito em sua agenda de viagens o nome dos ministros da União Européia para visitá-los e fazer com que se interessem pelos produtos brasileiros.
A União Européia é, sem dúvida, a segunda maior compradora de artigos primários como os que o Brasil tem a oferecer. Acontece, porém, que o presidente não encontra tempo para ir lá e se reunir com os ministros da Fazenda e expor a eles as nossas possibilidades de atendê-los nas suas encomendas e nos seus pedidos.
Tivemos um contratempo com os compradores europeus a respeito da nossa carne bovina que a aftosa havia contaminado e inutilizado para o consumo público. Foi um golpe terrível que tivemos que suportar até esclarecer que havíamos debelado grande parte do rebanho bovino, exatamente para impedir a difusão da carne contaminada pela aftosa.
Agora, voltamos ao mesmo assunto com uma infelicidade enorme: vendemos carne bovina não autorizada pelo Ministério da Agricultura, tornando-a, portanto, insubstituível por nós mesmos.
Desta forma, ficamos com uma imagem negativa diante dos importadores, que não querem a nossa carne por considerá-la imprópria para os restaurantes da Europa. É um problema que as nossas autoridades não avaliam ao certo as dimensões, pois ele afeta todos os demais produtos postos à venda por nós, numa arrancada que já tinha alcançado sucesso e que agora recua para a forma antiga de mercadorias impróprias para o mercado europeu e, evidentemente, para o dos EUA.
Estamos numa luta pesada em que nos confrontamos com clientes exigentes, como são os compradores europeus e americanos, que querem artigos de primeira ordem e não sujeitos às medidas médicas veterinárias que constituem um obstáculo para a circulação de mercadoria.
Não é de hoje que o Brasil ocupa lugar inferior entre os exportadores, porquanto não bastam as referências à qualidade dos nossos produtos para termos mercado aberto onde eles sejam oferecidos e vendidos com confiança.
Fica aqui a advertência de que o Brasil precisa se armar das melhores razões para se impor como figura exportadora perante os europeus e americanos.
Diário do Comércio (SP) 19/2/2008