Dentre as muitas frases de efeito de Napoleão, cito esta, que tem enormíssima atualidade: "Quando a China despertar, o mundo tremerá". A China estava, então, presa de uma de suas crises intermitentes, e ninguém fazia prever que, um dia, como anteviu Napoleão, ela, o colosso, despertaria e poria o mundo em tremedeira. O mundo, ou, de preferência os Estados Unidos. Pois o dia em que a China despertou já chegou, e o mundo se prepara para conhecer, cada dia mais, o novo gigante.
O "normalien" e político francês, Alian Peyrrefitte, escreveu numerosas obras sobre a China, sobre seus usos e costumes, e sobre o imperador, o supremo chefe dos Filhos do Céu. A China sempre constituiu um desafio para outras nações. Foi, durante milênios, um poderoso império, até que Sun Yat Send, sogro do general Chiang, resolveu copiar os Estados Unidos e proclamou a República. Foi uma reviravolta, perdendo o imperador todos os seus poderes, depois de os ter perdido pela revolução que se armou.
Mas, a história da China interessa pouco ou a ninguém, leitor desta coluna. O certo é que o gigante estremunhado, ainda, pelo sono prolongado, acaba de acordar, e está numa corrida de produtividade que impressiona. Os chineses têm propensão para a tecnologia. Inventaram a pólvora, que lhes aumentou, na época, o poderio, e outras invenções, das quais não me lembro, nem interessa citar. É, portanto, uma promessa de império que se ergue no horizonte das nações, como previu Napoleão.
Na realidade, a China tem tudo de Império, susceptível de tentar enfrentar, economicamente, a maior potência do mundo, os Estados Unidos. Não será para um futuro próximo, mas para um ano difícil de ser previsto, no futuro oeste milênio. A menos que me engane. De qualquer maneira, a China despertou e se o mundo ainda não treme, mas dia chegará em que vai tremer, com esse colosso comparando-se com os Estados Unidos. Napoleão terá razão de prever.
Diário do Comércio (São Paulo) 20/12/2004