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O choque das civilizações

 

 Li há uns dois ou três anos, não me lembro bem, o livro de Samuel Huntington A guerra das civilizações . Não concordei inteiramente com o ilustre autor, mas dei-lhe razão nas suas conclusões sobre a crise do mundo e a parte que tem nesta crise o Islã.


Muito a propósito, leio nas páginas amarelas da Veja a entrevista de Tariq Ramadan, que diz com muito acerto que se houver um choque do Ocidente com o Oriente, os dois lados serão derrotados.


Quando vemos o Líbano assassinado e a Terra Santa manchada de sangue, apesar dos esforços titânicos para resolver situações que se complicaram e se complicam cada vez mais , vê-se neste mundo fuliginoso, do qual parece que o amor deserdou, que a esperança se esvaiu, por não acertarem os protagonistas da crise uma solução que levem em conta a pessoa humana e o seu destino eterno, e nem se lembrarem os antagonistas em foco que os passos de Cristo ainda ressoam nas ruas de Jerusalém.


Vejo que, como acentua Toynbee, o rastilho da Revolução Mundial percorre todo o globo, até mesmo nos países cujas instituições estão solidamente instaladas. A revolução é obra do Ocidente, que a levou para os quatro cantos da Terra como frutos ácidos para as civilizações. Não creio em choque de civilizações como Samuel Huntington. O que há é a derrocada da fé e de seu suporte, a moral.


A História não acabou como escreveu o nissei americano, mas ela continua conduzida pela revolução, que irrompeu no mundo moderno trazendo esperanças e decepções, progresso e regressão, e que agora tem o nome de choque de civilizações, ainda que impropriamente definido.


É o que temos a dizer sobre esse complexíssimo tema, que merece estudos amplos.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 17/2/2006