Escrevi, mais de uma vez, que o Brasil está no mesmo mundo de todos os demais países em crise, mas tem resistido, e continuará resistindo, de sorte a não jogar seu povo numa crise terrível como a que devasta a Argentina. Tenho escrito, também, sobre a Argentina, país que admiro sem conhecer, um dos poucos, deste mundo. Mas também a Argentina se safará de sua crise atual e voltará a ser a grande nação da América que já foi, podendo ser um sustentáculo da Alca, a ser criada.
A nossa situação não é nada cômoda, com uma crise interna e uma crise externa ambas altíssimas. Mas isto não quer dizer que estamos à beira do famoso abismo de que tanto se fala desde que pude compreender as palavras que os adultos proferiam perto de mim sobre a situação econômico-financeira do País. Temos a confiança das instituições internacionais. O comando da área econômico-financeira está bom. Por que temer?
Certo é que temos os pobres e remediados e, mesmo os ricos, que aplicam poupança, grande, média ou pequena, não importa, para os rain days, como dizem os ingleses, os dias difíceis, pelos quais todos passamos, mas podemos ter confiança nos bancos que estão trabalhando com lisura e eficácia, para defender as economias que lhes são confiadas, para, no futuro serem a defesa dos maus tempos que cheguem ou, mesmo, para terem uma vida melhor.
Não se tenha medo, portanto, da situação do Brasil. Não creio que o Brasil virá a ser a Argentina ou coisa parecida. A nossa situação é outra, é diferente, é melhor, tem mais recursos para se defender do que a grande nação vizinha, que foi colhida por um vendaval e com dificuldade procura salvar-se. Mas não vai quebrar, como se diz levianamente. Como o Brasil também não quebrará. É ter confiança e trabalhar, como fazem os que têm emprego e os que, provisoriamente não o têm. Confiemos e trabalhemos.
Diário do Commercio (São Paulo - SP) em 19/06/2002