Pondo de lado os seus instrumentos de trabalho, levantou-se o povo paulista à altura de sua responsabilidade cívica.
A comemoração da Revolução Constitucionalista de 32 será comemorada na próxima segunda, dia 9 de Julho. Chegou o dia de se comemorar a revolta, - como gostava de fazer o professor Miguel Reale, com o seu verbo eloqüente - a verdadeira qualificação do movimento cívico que levou um povo a se levantar contra o esbulhamento feito pelo líder de uma revolução e seus apaniguados. Pondo de lado os seus instrumentos de trabalho, levantou-se o povo paulista à altura de sua responsabilidade cívica.
Digo e repito, 32 não foi uma revolução como tantas que conhece a América Latina, mas o levante de um povo inteiro, do estado mais desenvolvido da nação, a fim de fazer crer aos governantes de então que eles deviam mudar de rumo ao enfrentar os ideais democráticos. Por ideais democráticos devemos entender aqui uma concepção de vida digna e um povo desenvolvido, trabalhador e conquistador da riqueza, capaz de paralisar todas as suas atividades, levando ao alto uma ação cívica que empolgou os milhões de habitantes de São Paulo.
Getúlio Vargas não nomeava a comissão de Constituição porque desejava manter-se chefe do governo provisório o mais possível. Foi contra isso que São Paulo se revoltou. Como se revoltou contra a nomeação de interventores que não estavam à altura do cargo.
Não entenderam o levante paulista os governantes da época, daí a situação incômoda em que ficaram Getúlio Vargas e seus apaniguados, enfrentando São Paulo quando os paulistas eram autores de um movimento cívico para pôr o Brasil na direção legítima nos ideais democráticos. São Paulo perdeu a luta nos campos de batalha e deixou a lição que ninguém arrebatou ainda: que uma nação se faz com civismo e com amor à pátria. É o que tenho a dizer sobre a Revolução Constitucionalista de 32.
Diário do Comércio (SP) 5/7/2007