O pior de um governo em crise é a sucessão ou o golpe. E pior do que o golpe é a esperança absurda de que uma solução autoritária que, além de atrasar o país, oprime o povo.
Tivemos os anos de chumbo, executados pelo regime militar que se instaurou em 1964/1968 (dois golpes, um dentro de outro). A pretexto de combater uma fictícia república sindical, trouxe a ditadura e os crimes, não dos traficantes, mas do Estado.
Nos meados do século passado, houve a vergonhosa falência da República de Weimar, que, juntamente com a truculência vingativa do Tratado de Versalhes, mergulhou a Alemanha no nazismo, que por pouco não infelicitou o mundo, acabando com o estágio de civilização que a humanidade conquistara a duras e sofridas penas.
O ano que está no fim brindou-me com dois pasmos que até agora não digeri: aqueles 7 a 1 da Copa e a campanha pela volta do regime militar que desgraçou duas gerações.
Assim como não degluti os gols sofridos em mais ou menos dois minutos de jogo, minhas fatigadas vísceras não metabolizaram a nefasta campanha que começa a ser feita em jornais e no boca a boca de amplas camadas da população, clamando pela volta do passado, dos militares e paisanos que instalaram e mantiveram uma ditadura de 21 anos.
Quem a esqueceu não merece ser brasileiro e muito menos cidadão capaz de aprovar e exaltar todos os crimes que ainda esperam por justa e necessária punição. Embora não aprove nem justifique o governo de dona Dilma, muito menos de sua base aliada, principalmente o PT com a sua decantada militância que lembra as esquadras de Mussolini, que afinal –todos sabem– foi o modelo que Hitler adotou com inicial sucesso.
Com uma vantagem para o Führer: enquanto o Duce gostava do "Funiculì, Funiculà", Hitler preferia o coro dos peregrinos do Tannhäuser.