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Nomes

 

Sou pessimista, adoto o lema que de hora em hora Deus piora. Isso vale para tudo, para mim e para o resto, quer dizer, o mundo, a galáxia e o trânsito do Leblon que será bagunçado pelas obras do metrô. Mas leio com atenção os comentários sobre o julgamento de mensalão, cujo resultado, segundo os entendidos, inaugura nova fase de nossa vida pública.

Não chego a tanto, mas sinto-me obrigado a ressaltar alguns nomes, que, com a exceção de um deles, aparentemente nada têm a ver com a ação penal 470.

O primeiro é Renata Lo Prete, que já foi ombudsman aqui na Folha e além de participar da cobertura jornalística do mensalão, foi a centelha que botou fogo no formidável escândalo. Sem entrar no mérito do seu entrevistado, o ex-deputado Roberto Jefferson, foi ela que deu o "Fiat" do maior acontecimento nacional do nosso tempo.

Outro nome que merece destaque histórico é Carlos Ayres Britto, que se aposenta do STF. Soube conduzir o processo com uma serenidade raríssima em tempos de exaltada confusão.

Deveria falar mais sobre o ministro, mas o Elio Gaspari, no último domingo, disse mais e com melhor estilo tudo o que eu queria dizer. Só me deixou espaço para lamentar a lei que aposenta compulsoriamente magistrados e funcionários públicos, estejam eles em condições excelentes para exercer suas funções.

Conheci um carteiro que foi aposentado aos 70 anos. Era popular no bairro. No final do ano, não pedia a tradicional gorjeta de festas, ele é quem dava jabuticabas de seu quintal, no Andaraí, para os clientes de sua zona postal. Todo Natal, vinha de casa em casa com um pacotinho de suas frutas.

Tenho a certeza que o Ayres Britto, em qualquer canto onde estiver, continuará a nos dar alguma coisa de bom.

Folha de S. Paulo, 20/11/2012