As alternativas não são animadoras: Dilma permanecer com seus malfeitos ou Michel Temer tornar-se presidente e Eduardo Cunha virar vice.
Até 2014, o Brasil aparecia no ranking dos países mais corruptos do mundo empatado com Burkina Faso, Bósnia, Índia, Tunísia e Zâmbia. Era o paraíso da corrupção e da impunidade, onde só pobre, preto e puta iam para a cadeia, como se dizia. Aí surgiu a Operação Lava-Jato, comandada por um juiz desconhecido, que inverteu essa má fama, promovendo a maior investigação criminal da nossa história, aprovada por 70% dos brasileiros, segundo o Datafolha, e elogiada internacionalmente pelo britânico “Financial Times" e pelos americanos “Fortune” e “Foreign Policy", além do prêmio anual da Global Investigations Review.
Entre seus feitos estão a descoberta de R$ 42,8 bi de dinheiro desviado; R$ 6,4 bi de propinas; R$ 21,8 bi de pedido de ressarcimento; R$ 2,9 bi de dinheiro recuperado, R$ 659 mi de repatriado e R$ 2,4 bi de valores bloqueados. E a prisão não apenas de corruptos, mas também de corruptores, entre os quais altos executivos das maiores empreiteiras do país e da Petrobras. Quanto aos políticos envolvidos, há uma chamada “lista maldita”, onde entre os 12 senadores e 22 deputados estão os presidentes das duas casas legislativas. Era muito interesse contrariado.
Diante desse poderoso elenco, é natural que houvesse revide por parte dos atingidos e simpatizantes. Primeiro as críticas, algumas pontuais e merecidas, como ao passo em falso dado pelo juiz no episódio em que permitiu tornar público o grampo do telefonema de Lula para Dilma, um erro que, coisa rara, foi admitido junto com um pedido de desculpas ao STF. Mesmo assim, o erro foi logo transformado em crime por uma campanha de desmoralização do autor, que chegou a ser acusado de responsável pelo desemprego no país, não por um militante irresponsável, mas pelo ex-presidente Lula. Sua biografia foi reescrita com a inclusão de falsos dados e acusações infundadas para fazer de Sérgio Moro um candidato a vilão. Mas a tentativa de golpe mesmo contra a Lava-Jato estaria no Congresso.
“A sociedade precisa ficar atenta”, adverte o procurador da República no Paraná Rodrigo Chemin, que teme mudanças importantes no Código Penal neste “momento conturbado”. Estudioso do tema, ele acha que o Brasil corre o risco de repetir a Operação Mãos Limpas, quando as leis foram mudadas para evitar que os políticos corruptos continuassem a ser alcançados. No entanto, para felicidade geral da nação, um ministro do STF garantiu à coluna de Ancelmo Gois que a Lava-Jato não acaba tão cedo.
Mesmo assim, a sociedade precisa ficar atenta, porque as alternativas não são animadoras: Dilma permanecer com seus malfeitos ou Michel Temer tornar-se presidente (o discurso já está pronto) e Eduardo Cunha virar vice. Ninguém merece.