Está sendo fartamente comentado pelos meios de comunicação a decisão governamental contra o impropriamente denominado nepotismo.
A palavra nepotismo no sentido de proteção a parentes, como a nomeação deles para cargos administrativos nos serviços públicos. Vem essa palavra da administração dos Estados Pontifícios da era pré-garibaldina, quando todas as famílias italianas, principalmente as romanas, queriam seus membros nomeados pelos papas para cargos administrativos com polpudas rendas.
Os papas atendiam aos pedidos de sua família e de famílias aparentadas, e como não podiam teoricamente ter filhos tinham sobrinhos, que eram numerosos, portanto. O nepotismo espalhou-se pelo mundo principalmente depois das revoluções de independência na América e da descolonização na África e Ásia. O nepotismo é, portanto, um vício político, com repercussão na administração pública, que se estendeu como mancha de óleo por todos os países em fase de mudança de rumos políticos.
No Brasil atual temos tido vários exemplos de nepotismo, principalmente no Nordeste. Em nome do interesse que devemos ter pela Nação, deve se combater o nepotismo e querer uma administração exclusivamente concursada, onde se provam qualidades dos que vão prestar serviços nos cargos públicos.
O nepotismo é uma praga que, evidentemente, acabou nos Estados Pontifícios e mais circunscritamente no Vaticano, que já não dispõe de farta administração para acolher apaniguados que existem e não existem nas alturas do papado.
O nepotismo atualizado é um nome impróprio, mas se vulgarizou o vocábulo com o sentido que todos conhecem. Digamos que ele está atualizado e que sua repercussão negativa deve ser aplaudida.
Diário do Comércio (São Paulo) 21/2/2006