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Nave, a escola do futuro

 

Sempre é motivo de alegria comparecer à inauguração de uma escola. Sobretudo quando se trata de um notável empreendimento, como é o caso do Colégio Estadual José Leite Lopes, homenagem merecida a um dos nossos maiores cientistas. A Tijuca, no Rio, passou a ter um estabelecimento exemplar, unindo de forma competente educação, ciência e tecnologia, como afirmou acertadamente a Secretária Tereza Porto, após cortar a fita simbólica ao lado do governador Sérgio Cabral e do patrocinador Luiz Eduardo Falco, presidente da Oi Futuro.


Ganhou o nome adicional de Nave (Núcleo Avançado em Educação), para ser um centro de pesquisas e inovações: “Aqui estudarão 600 jovens que, certamente, sairão bem formados para enfrentar os desafios do mercado de trabalho” – disse-nos a diretora Samara Werner, há tempos dedicada ao projeto, e que se preocupa com a linguagem dos jovens.


Foi possível sentir, no local, o entusiasmo pela adequada associação do poder público e da iniciativa privada, que entrou com a cessão do espaço generoso e dos equipamentos indispensáveis. É um modelo infalível de sucesso. Todos os professores enfatizaram a importância da formação de profissionais qualificados, notadamente em tecnologia da informação, para reverter o quadro de carências que coloca o Brasil numa posição desconfortável no ranking das nações emergentes. Para se ter uma idéia (são dados do Instituto Oi de Cultura), o Brasil, no ano passado, registrou somente 384 patentes, contra 5,5 mil da China e 686 da Índia. Como superá-los com tamanha defasagem? A resposta está na associação inteligente da educação com o desenvolvimento científico e tecnológico. Mais escolas – e boas escolas.


Outra particularidade a ser assinalada, na visão do educador, é o fato de que os alunos estudarão em tempo integral, o que lhes permitirá o adequado preparo em atividades carentes de profissionais, como roteiristas, programadores, designers e gestores para atuar em TV Digital, internet, celular e jogos eletrônicos. Daí se justificar plenamente o investimento privado de 8 milhões de reais no bem sucedido projeto, repetindo, aliás, o que foi feito pela mesma empresa, em 2006, ao instalar em Recife o Centro Experimental Cícero Dias, numa escola pública estadual, hoje referência nacional na preparação de especialistas em robótica. Ali também se valoriza o ensino multidisciplinar.


Enquanto o vice-governador Luiz Fernando Pezão afirmava que se estava inaugurando um centro tecnológico com as características de  “uma grande aposta no futuro” (ele, que tem a seu crédito o êxito do projeto Piraí Digital), o governador Sérgio Cabral foi mais longe e viu ali a semente de um novo Brasil, “que vive um momento extraordinário em sua economia e as empresas começam a se fortalecer, recuperando anos de atraso em relação às tecnologias de informação.”


O Nave foi instalado numa antiga central telefônica e se compõe, além da escola, por uma fábrica de cultura digital, um centro de pesquisas e inovações e pela usina de expressão, espaço voltado para exposições e seminários, onde se debaterá o pensamento da nova escola brasileira.


Jornal do Commercio (RJ) 6/6/2008