Muito oportuna neste ano eleitoral a série “Política: modo de fazer” que a GloboNews inicia hoje em parceria com a Maria Farinha Filmes e o Instituto Update, revelando novas práticas surgidas em comunidades e periferias. São dezenas de projetos criativos e transformadores em regiões metropolitanas como Belo Horizonte, Brasília, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, abordados em quatro capítulos, com direção da cineasta Yasmin Thayná e da colunista cultural Cristina Aragão, supervisora de programas da emissora.
O projeto atual é uma continuidade de “Política: modo de usar”, exibido no ano passado e ambos tendo como ponto de partida a pesquisa “Emergência política nas periferias”, do Instituto Update, que mapeou 100 ações que, segundo as diretoras, o Brasil não costuma perceber. “É uma série muito desafiadora”, diz Yasmin, “porque traz novo conceito e permite olhar a política feita no cotidiano, quando cada um resolve movimentar seu bairro, seu aglomerado, sua quebrada, sua favela”. Para Cristina, o mais impressionante foi a atitude dos entrevistados: “todos os que tiveram acesso à educação formal, a universidades — seja por cotas, seja por bolsas — estão devolvendo seus saberes para suas comunidades”. Jéssica Cerqueira, uma das pesquisadoras, vai mais longe: “se o estado ou as instituições olhassem para as soluções propostas, as políticas públicas teriam muito mais impacto e seriam mais efetivas”.
O episódio de estreia hoje aborda as iniciativas “Data-labe”, do laboratório de dados e narrativas do Complexo da Maré, no Rio; e “Jovem expressão”, criada em Ceilândia, no Distrito Federal, a partir de um levantamento sobre como a violência afeta a juventude.
Nascida em Nova Iguaçu, filha de uma empregada doméstica e de um porteiro de prédio, Yasmin é diretora e fundadora da Afroflix, uma plataforma que reúne produções assinadas por pessoas negras. São dela “Kbela, o filme”, uma experiência sobre ser mulher e assumir a cor, libertando-se, por exemplo, dos padrões de beleza “caucasianos”; “Batalhas”, um curta-metragem sobre a primeira vez que o passinho e o funk subiram ao palco do Teatro Municipal do Rio, apresentados por ela em 2015, e a websérie “Afrotranscendence”, que exalta os valores da negritude.
Como diz Cristina, “quando as periferias se movimentam, o Brasil se movimenta junto”. Ou pelo menos passa a prestar atenção.