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Missão e omissão

 

Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a pesada consciência da comunidade internacional criou a Liga das Nações para que não mais se repetisse a carnificina, então a maior da história. Durou pouco a boa vontade e a liga nada ligou, ou não ligaram para ela. Veio outra guerra (1939-1945), muito maior e truculenta.


Ninguém pensou em criar uma nova Liga, mas uma organização de nações que se tornou conhecida pelo codinome de ONU. A finalidade era mais ampla do que a antecessora. Seria uma entidade voluntariamente formada pela comunidade humana, em nível de Estado multinacional, que impedisse novo conflito de dimensões universais e intermediasse, em nome do concerto de nações, os conflitos regionais.


Uma das medidas mais necessárias tomadas pela ONU foi a da ratificação da emenda Balfour em 1948, que criou o Estado de Israel, dando lar a um povo perseguido e errante durante 20 séculos. Criou-se então uma zona de conflito que já dura 60 anos.


Controlada pelo seu Conselho de Segurança, que por sua vez é controlado pelos Estados Unidos, a ONU se transformou numa metáfora, imagem poética de uma realidade que nada tem de poética.


Não adiantam os comunicados da entidade, nem os observadores que nada observam, pois tudo está mais do que observado. Em nome da humanidade, a ONU criou o Estado de Israel. Teria o direito e a obrigação de intervir executiva e militarmente no conflito, impedindo que o Hamas dispare mísseis contra Israel e evitando a dura represália que todos reconhecem como desproporcional.


O que seria uma guerra proporcional? Igualdade aritmética no número de mortos e feridos? Tantos para um lado, tantos para o outro? Um empate sangrento não resolveria a questão.


Folha de S. Paulo (SP) 11/01/2009

Folha de S. Paulo (SP), 11/01/2009