Houve, no mundo inteiro, comemorações pelo primeiro cinquentenário da descida do homem na Lua. A descida da Apollo 11 aconteceu em julho de 1969 e a televisão comemorou condignamente o fato. Na ocasião, aos 33 anos de idade, participei da transmissão, ao lado de Cid Moreira, Armando Nogueira e Rubens Amaral, numa das primeiras reportagens internacionais da TV Globo, antes mesmo de ir para o ar o famosíssimo Jornal Nacional.
Lembro da descida de Neil Armstrong do satélite. A transmissão foi acompanhada por 600 milhões de pessoas, quando a Terra tinha apenas 3,6 bilhões de habitantes. Criada pela empresa norte-americana Westinghouse, a câmera SEC Vidicon transmitiu os primeiros passos de Armstrong e os saltos curiosos de canguru de Aldrin, até a fixação da bandeira norte-americana no solo vulcânico da Lua. A Globo fazia sucesso com o emprego do satélite Intelsat III e graças a ele unia o país, numa integração inédita.
Alguém perguntará a razão de ter sido chamado para esse momento histórico. Na ocasião, era o Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia da Guanabara (o primeiro do país) e supostamente tinha os conhecimentos necessários para dar os esclarecimentos exigidos, até porque estava construindo na Gávea o primeiro Planetário do Rio de Janeiro, hoje em pleno funcionamento. Trata-se de um Zeiss Jena de primeira qualidade, cedido pelo MEC à SCT, e que tinha o valor de 250 mil dólares. Foi trocado por café, numa operação conhecida como dólar-convênio. O dinheiro para a construção foi obtido pelo governador Negrão de Lima, que ficou feliz com a operação por mim conduzida.
O procedimento de descida não foi propriamente tranquilo. O “Eagle”, com Armstrong e Aldrin a bordo, se desacoplou do módulo de comando e serviço “Colúmbia”, orbitando a Lua e deixando o astronauta Michael Collins sozinho, a cerca de 110 km de altitude. O “Eagle” disparou seu motor para frear e acentuou sua descida até a Lua com a ajuda da gravidade lunar, como havia sido treinado na Apollo 10.
Mas na etapa final da descida houve novidades. O terreno sob a nave estava passando mais rápido do que deveria. O computador da nave assinalava falhas, mas tudo estava verde para o pouso, com o pacote de instrumentos (sismógrafo, coletor de vento solar, retrorrefletor para rebater raios laser etc). Só que o pouso deveria ser em outro lugar, pois o previsto anteriormente estava numa região perigosamente vulcânica. Assim se procurou um local mais seguro, onde se fez o pouso. A vitória era de toda a humanidade, representada por 73 líderes mundiais e um broche com um ramo de oliveira, símbolo da paz.
A emoção tomou conta do mundo e não era para menos. Foi o começo de uma epopeia, liderada pelos cientistas norte-americanos, que depois seria seguida por russos e chineses. Com a estação prevista para a órbita lunar pode-se esperar para este século a conquista de Marte.