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Maus exemplos

 

O candidato ao governo do estado pelo PSC não para de surpreender, a começar pelo resultado das urnas. Como um desconhecido, sem luz própria, conseguiu uma vitória tão exuberante no primeiro turno? Perguntava-se, antes de saber que ele era reflexo de Flávio Bolsonaro.

As atitudes e declarações controversas vieram até antes das eleições, como a participação em um ato que comemorava a cena de vandalismo em que dois candidatos seus amigos destruíram uma placa de rua com o nome da vereadora Marielle Franco, do PSOL, cujo assassinato ele diz que não vai ser prioridade desvendar, como exige a sociedade e pede a ONU.

Tem mais. Em vez de uma estratégia para evitar que o fuzil chegue às mãos dos bandidos, ele prefere abatê-los, dando continuidade à guerra que inferniza o nosso cotidiano. Pior. De suas intenções de governo consta a incrível promessa de pôr fim à Secretaria de Segurança Pública, que não envolve apenas a Polícia Militar, mas também a Polícia Civil, que fornece informações para o Judiciário.

A anunciada medida chocou os especialistas. Segundo o pesquisador Lênin Pires, professor do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense, “espanta por se tratar de um juiz federal, que deveria ter conhecimento das consequências dessa proposta de desarticulação das polícias”.

A última de Witzel foi o vídeo em que ensina a juízes do Trabalho a “engenharia” para receber a gratificação de acúmulo de R$ 4 mil. “Eu recebo, expulsei o juiz substituto da minha Vara, disse: ‘Ô, negão, ou você vai viajar lá para ficar um ano fora, ou vou te expulsar da Vara (risos). Brincadeira, adoro meu juiz substituto. Mas, se ele ficar, eu não recebo. Aí a gente faz uma engenharia: 15 dias por mês, o juiz substituto sai da Vara”. Diante da repercussão de sua escandalosa “engenharia”, ele alegou que não via ilegalidade ou imoralidade no que ensinava.

Já Bolsonaro preferiu distância: “O juiz colou no Flávio e cresceu. Mas orientei a garotada a ficar neutra.”

O Globo, 17/10/2018