Parece que durou pouco o empenho de Lula em colaborar com os governadores do Sudeste no combate à violência. Citando nominalmente o caso do Rio de Janeiro, ele classificou o banditismo de terrorismo, abrindo uma larga frente de operações do governo federal na ajuda aos governos estaduais que mais sofrem com o crime organizado.
Na última terça-feira, governadores do Rio, São Paulo, Minas e Espírito Santo estiveram reunidos no Palácio Laranjeiras e emitiram uma nota em que cobram de Lula a promessa feita publicamente no dia de sua posse. Pediram aumento dos efetivos da Policia Federal e a integração de vários órgãos, inclusive a participação das Forças Armadas, do Banco Central e da Receita Federal. Criticaram o corte de verbas para a área de segurança no orçamento deste ano. O governador Paulo Hartung, do Espírito Santo, sugeriu um mutirão nacional para enfrentar a violência.
Mais prático, o governador de São Paulo citou o uso de celulares nas cadeias como uma das causas dos últimos movimentos do crime organizado. No documento firmado pelos quatro governadores, é pedida a criminalização do celular pelos chefes das gangues - e com isso botaram o dedo na ferida, uma vez que os ataques terroristas são planejados nas penitenciárias.
Evidente que esta reivindicação só pode ser atendida se houver uma mudança na lei, donde a necessidade da colaboração de Lula nas articulações do Congresso Nacional a esse respeito.
Sergio Cabral, citado diversas vezes no discurso de posse do presidente, reúne todas as condições políticas e pessoais para pressionar Lula no sentido de combater com mais eficiência o terrorismo que o próprio presidente identificou. Será o fim da credibilidade de Lula negar o que prometeu com tanta ênfase.
Jornal do Commercio (RJ) 11/1/2007