Outro dia ("Listas assim ou assado", 14/6), queixei-me das listas de "maiores álbuns de todos os tempos" que os americanos e ingleses nos impõem. Só contêm discos de 1966 para cá, todos de rock e cantados em inglês. É como se o resto do mundo fosse mudo. De vingança, sugeri duas listas, também de "maiores de todos os tempos", só que de álbuns de bossa nova e de samba-canção. E poderia ter feito outras, de samba, choro, marchinhas de Carnaval ou baião. Ou de canções francesas, tangos, boleros ou mambos, tão arrogantes quanto as deles.
Nada contra a música em inglês, evidente. Mas mesmo nesta há todo um universo que as listas deles ignoram: o dos cantores da nota exata, que cantavam as grandes canções e sabiam o que cantavam. Aí vai uma lista, sujeita a contestações: 1. "Songs for Swingin’ Lovers" (Frank Sinatra); 2. "The Astaire Story" (Fred Astaire, 4 vols.); 3. "Songs by Bobby Short"; 4. "Tony Bennett/Bill Evans" (2 vols.); 5. "Mel Tormé Swings Shubert Alley"; 6. "Bing With a Beat" (Bing Crosby); 7. "Just One of Those Things" (Nat King Cole); 8. "The Voice That Is" (Johnny Hartman); 9. "Basie/Eckstine, Inc." (Count Basie e Billy Eckstine); 10. "The Ray Charles Story" (3 vols.).
E a das garotas? 1. "Lady in Satin" (Billie Holiday); 2. "Duet" (Doris Day e André Previn); 3. "Dream Street" (Peggy Lee); 4. "Merely Marvelous" (Mabel Mercer); 5. "The Cole Porter Song Book" (Ella Fitzgerald); 6. "Once Upon a Summertime" (Blossom Dearie); 7. "Torchy!" (Carmen McRae); 8. "Judy at Carnegie Hall" (Judy Garland); 9. "West of the Moon" (Lee Wiley); 10. "Ethel Waters on Stage and Screen (1925-1940)".
Com as devidas desculpas a Dick Haymes, Joe Williams, Mark Murphy, Jackie Paris, Bobby Troup, Sammy Davis Jr., Mildred Bailey, Sarah Vaughan, Rosemary Clooney, Anita O’Day, Julie London, Dinah Shore, Lena Horne e muitos mais.
A música não cabe em listas.